O Festival de Cannes 2023 começou nesta terça-feira (16/05) já com looks extravagantes no red carpet e burburinho em torno do filme que abriu a programação, Jeanne du Barry, da atriz-diretora Maïwenn – o filme tem como coadjuvante Johnny Depp, ator envolvido no polêmico julgamento do divórcio com sua ex-mulher, Amber Heard. Deixando as fofocas de lado, essa que é uma das mostras de cinema mais importantes do circuito internacional está com filmes muito interessantes na competição oficial (aquela que rende aos realizadores a Palma de Ouro). Apesar da falta de representatividade feminina, selecionamos 10 filmes para você ficar de olho quando chegarem aos cinemas nacionais e/ou streaming. Vem ver:
Club Zero, de Jessica Hausner
Um dos favoritos da edição, o filme acompanha Miss Novak (Mia Wasikowska), uma professora de mindful eating que, ao chegar em uma escola privada internacional, começa a causar estranhamentos entre alunos e pais. Além de perturbar os hábitos alimentares da instituição, Miss Novak cria uma espécie de clube (o tal Club Zero) com jovens selecionados, dos quais ela tem muita influência sobre. O thriller psicológico explora as nuances das relações humanas, o poder, os distúrbios alimentares e a confiança (veja uma cena no vídeo acima). Esse é o 11º filme da diretora austríaca, que fez, entre longas e curtas-metragens, Amour Fou (2014) e Lourdes (2009).
Fallen Leaves, de Aki Kaurismäki
Quinta vez concorrendo à Palma de Ouro, o diretor finlandês traz para a sua sequência de tragicomédias (Shadows in Paradise, Ariel e The Match Factory) a história de duas pessoas solitárias que se conhecem por acaso durante uma noite agitada em Helsinque. O roteiro é baseado na famosa canção Les Feuilles Mortes, como uma tentativa do diretor de falar sobre a procura do amor e a esperança do encontro. Esse é o único filme nórdico na competição oficial.
Four Daughters, de Kaouther Ben Hania
Explorando um outro formato de fazer documentários, o cineasta da Tunísia aborda de forma íntima e tocante a vida de Olfa, mãe de quatro meninas – duas delas desaparecem, porém, após se rebelarem e juntarem-se à organização terrorista Daesh, na Líbia (elas são presas após um ataque americano). Para seguir com a história, ele contrata atrizes para preencher esse vazio, mesclando cinema documental com ficção. A duração da gravação tem um espaço de dez anos, entre 2010 e 2020, e tem no seu coração a questão da irmandade e todas as suas interpretações.
Asteroid City, de Wes Anderson
Sim, ele e sua paleta de cores voltaram. Em mais um longa com elenco estrelado, Wes Anderson apresenta uma narrativa de comédia romântica com ficção científica ao centrar a história em uma cidade estadunidense fictícia, em 1995. Durante a convenção Junior Stargazer/Space Cadet, eventos que mudam o curso da humanidade acontecem. A estreia internacional está prevista para 16 de junho.
Anatomy Of A Fall, de Justine Triet
A diretora de Sibyl (2019) está em Cannes com um drama-suspense que gira em torno de uma família que precisa confrontar a misteriosa morte do pai, Samuel. Acusada pelo crime, a protagonista Sandra (Sandra Hüller), escritora alemã e esposa do falecido, precisa provar a sua inocência, tendo o filho cego como sua principal testemunha. O julgamento disseca essa relação familiar com emoção e profundidade.
Monster, de Kore-Eda Hirokazu
Vencedor da Palma de Ouro em 2018, pelo filme Assunto de Família, o diretor japonês retorna ao festival com mais uma história sobre relações disfuncionais (e fascinantes). Aqui, uma mãe preocupada com o comportamento estranho de seu filho descobre que a culpa de tal desvio é da professora. Ao questionar a escola e decidir ir atrás de respostas, encontra a verdade em outro lugar.
May December, de Todd Haynes
Estrelado por Natalie Portman e Julianne Moore, este que é o terceiro filme do diretor em competição em Cannes estuda com minuciosidade a questão da idade na vida da mulher. A sensibilidade característica de Todd Haynes guia a narrativa: Gracie é casada com um homem mais jovem que ela, e o romance acabou virando notícia também pelo fato dele ser seu assistente. Anos depois, com o ingresso dos filhos na escola, uma atriz de Hollywood procura Gracie para desenvolver um papel sobre ela no cinema. Esse encontro gera uma cadeira de desencontros na vida pessoal dessa mulher e seu companheiro.
Banel e Adama, de Ramata-Toulaye Sy
O filme de estreia da jovem diretora franco-senegalesa já chegou ao festival com uma estrela “para ficar de olho”. O drama, ambientado no Senegal, explora a relação afetiva e honesta de dois jovens que vivem em uma remota aldeia ao norte. Apesar da sinceridade dos sentimentos de ambas as partes, eles desconhecem qualquer referência externa ao contexto que vivem e, portanto, são confrontados por tradições e obrigações da comunidade que atrapalham os frutos desse relacionamento.
Perfect Days, de Wim Wenders
Impossível não destacar qualquer coisa que Wim Wenders faça, afinal… Dispensa apresentações. Neste longa, o diretor aponta para uma comédia dramática sobre um homem que limpa casas de banho em Tóquio, ao passo que desloca o espectador para esse lugar contemplativo da solidão humana. Com essa narrativa, inclusive, ele retorna para o seu estilo poético de tratar sobre a vida humana através das pequenas coisas (livros, música, fotografia), registrando o cotidiano como algo belo e passageiro. Essa é uma das inúmeras vezes que o alemão participa do Festival de Cannes, onde já levou para casa a Palma de Ouro, em 1984, por Paris, Texas.
Firebrand, de Karim Aïnouz
Este é o primeiro projeto em língua inglesa do diretor brasileiro, responsável pelos filmes A Vida Invisível e Praia do Futuro. Dirigindo um elenco de peso, com nomes como Alicia Vikander e Jude Law, Karim reconta o casamento do Rei Henry VIII com a sexta e última esposa, a Rainha Catherine Parr – ela foi uma figura importante para a história da Inglaterra e Irlanda, e uma mulher que surpreendeu a corte pelas suas decisões e inteligência.