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ANNA: a brasileira que dominou o cenário internacional da eletrônica

Em conversa exclusiva, a DJ fala sobre representatividade feminina, collab com Depeche Mode e a emoção de retornar ao Brasil para a Tomorrowland 2023

Por Naiara Taborda
11 out 2023, 06h45
Com 20 anos de carreira, ANNA é um dos maiores nomes do techno mundial.  (Divulgação/Divulgação)
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Se você gosta de música é bem provável que já tenha se deparado com ANNA – seja através de seus sets de música eletrônica, ou mesmo de My Cosmos is Mine, sucesso recente da banda Depeche Mode. Hoje presença garantida nos maiores festivais eletrônicos do mundo, a DJ brasileira saiu de Amparo, no interior de São Paulo, para ganhar o mundo – e fez bonito: ela já recebeu o prêmio de Artista Revelação no DJ Sound Awards 2016, foi uma das 3 artistas brasileiras convidadas a tocar no Coachella (também participaram Anitta e Pabllo Vittar), fechou o Rock in Rio 2022, e, agora, agita os 3 dias de Tomorrowland Brasil. 

Com mais de 20 anos de carreira, Anna Lida Miranda é um dos maiores nomes do techno. Mas o contato com a música veio muito antes, e com ritmos bastante diferentes do que toca hoje: aos 14 anos, ela se aventurou a tocar axé e MPB no clube da família, o Six, para um público de cerca de 1500 pessoas. “Em duas semanas eu tinha a minha playlist e já estava aprendendo a mexer nos equipamentos”, recorda. 

A paixão por música eletrônica surgiu na mesma época e local, quando fugia da pista em que tocava para espiar o espaço de eletrônica. “Eu me encantei com o som e com a atmosfera daquela pista. Descobri ali DJ Marky, Ricardo Guedes, Patife, e pensei ‘pronto, é isso o que eu quero tocar’”, diz, rindo.

“O que eu vejo na cena é que a mulher sempre tem que se provar mais”

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ANNA saiu do interior de São Paulo para ganhar o mundo. (Divulgação/Divulgação)

O sucesso, no entanto, não viria de uma hora para outra, e tocar na casa noturna da família tampouco serviria de garantia. Foi necessário que ela se mudasse para São Paulo e, depois, para a Europa, para que realmente pudesse integrar o hall de grandes DJs. “Quando eu fui para fora queria expandir minha carreira e não estava conseguindo me expressar tão bem por aqui. Naquela época, tudo era muito limitado, todo mundo tocava a mesma coisa e não havia diversidade. Eu recebi o convite de uma agência de lá e vi que era a hora, fui sem garantia nenhuma, foi uma aposta, mas deu certo”, conta ela, que me atendeu por videochamada dias antes de embarcar para o Brasil. 

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CLAUDIA: Na época em que você optou em ir para a Europa, o cenário brasileiro de eletrônica parecia ainda estar engatinhando – ao menos quando falamos de diversidade de ritmos. Acredita que isso tenha mudado, ou ainda é necessário fazer este movimento para crescer na carreira?

ANNA: Eu acho que hoje é diferente, a cultura da música eletrônica está muito grande, temos festivais enormes por aqui, como a própria Tomorrowland, mas é na Europa que está a raiz e é para cá que olhamos para saber o que está acontecendo na cena. No entanto, temos que dar valor aos nossos talentos nacionais, e o mais importante é que hoje temos diversidade, tem festas para todos os tipos de eletrônica e para todos os gostos, e isso é incrível.

CLAUDIA: Você foi convidada pelo Depeche Mode para remixar uma das músicas do álbum mais recente da banda. Pode nos contar um pouco sobre esta experiência?

ANNA: Eu tinha remixado há alguns anos uma música para o Martin Gore em um projeto solo dele, é um dos meus ídolos. Mas agora, com o álbum novo, veio o convite da banda. Foi um marco mesmo na minha carreira, porque eles são inspiração para tantos artistas. Na verdade, eu fui convidada para remixar uma outra música, e estava finalizando no estúdio quando My Cosmos is Mine foi lançada. Assim que ouvi, mandei um e-mail para a equipe dizendo que era ela que eu tinha que remixar, que queria muito. 

CLAUDIA: Para além de serem ídolos pessoais, essa colaboração também ajuda a levar o seu nome para pessoas que talvez não tenham tanto contato com a música eletrônica. Vê isso como algo importante?

ANNA: Sem dúvidas! Muita gente que não me veria, não chegaria até mim, acabou chegando. Fizemos uma collab no Instagram e recebi muitas mensagens de fãs deles que também adoraram, e essa troca é muito legal. 

CLAUDIA: Por muitos anos, a eletrônica foi um cenário bastante masculino, com homens dominando o hall de grandes artistas. Como você enxerga isso, e como diria que afetou a sua carreira?

ANNA: O que eu vejo na cena é que a mulher sempre tem que se provar mais. Se ela está ali, a primeira ideia é sempre que é por causa do corpo ou porque é amiga de alguém, não por ter um enorme talento. Eu nunca enfrentei nenhuma dificuldade específica, ou situações inconvenientes de abuso ou desrespeito, mas eu sei que é uma realidade, e o movimento que tem sido feito para trazer o balanço para a música é muito necessário, porque está desbalanceado há tanto tempo. Precisamos destacar a mulher, fazer um esforço para um line-up mais balanceado, sobretudo por aqui.

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CLAUDIA: Você acaba sendo uma inspiração para muitas mulheres que sonham em seguir carreira na música eletrônica, como é estar neste lugar?

ANNA: Representatividade é muito importante, porque se você vê uma mulher que chegou ali entende que é possível, pode existir um espaço para você. Eu nunca quis ser uma inspiração, mas acho que todo o amor que eu coloco e a maneira como eu me porto acabam resultando um pouco nessa admiração. Eu perseverei muito para chegar até aqui, estou há 23 anos na música, passei por altos e baixos, e talvez isso chame atenção. Resiliência é muito importante nessa cena. Se é por sucesso ou dinheiro, você não passa pelos momentos difíceis. Foram 10-15 anos tocando em locais bem pequenos, com cachês pequenos e sem selo, mas a verdade é que eu estava amando. Tem que ter amor, e fico feliz.

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ANNA na Tomorrowland 2022. (Divulgação/Divulgação)

CLAUDIA: Pode nos adiantar um pouco das suas apresentações na Tomorrowland?

ANNA:  Eu vou tocar os 3 dias. No primeiro, tenho um B2B no palco Essence, com mais techno e um som mais pesado. No dia seguinte, vou tocar pela primeira vez no palco principal, com uma rápida jornada que resume meu som, do groove até o techno mais acelerado. No último dia encerro no palco Core com Vintage Culture, e acho que vai ser muito especial. Eu me sinto muito confortável na cabine tocando, mas está sendo muito emocionante, porque é como o fechamento de um ciclo. Comecei com 14 anos sem saber de absolutamente nada, fui conseguindo meu espaço com trabalho e paixão, bem devagar, saí do país e agora estou voltando com este reconhecimento e amor, com toda a minha família lá. Está sendo muito nostálgico e bonito. 

A Tomorrowland 2023 acontece nos dias 12, 13 e 14 de outubro, no Parque Maeda, em Itu-SP.

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