Elza Soares é indicada entre os Melhores Artistas de 2020
Aos 90 anos, a cantora concorre ao Prêmio Arcanjo de Cultura por ter brilhado em lançamentos musicais e lives históricas
Voz histórica da mulher negra brasileira, Elza Soares está concorrendo ao Prêmio Arcanjo de Cultura como uma das Melhores Artistas de 2020. Num ano desafiador para a classe artística, Elza, aos 90 anos, brilhou, fazendo lives históricas e ganhando aplausos nas redes sociais por seus posts contundentes contra o racismo e em defesa de grupos minorizados.
Criada para prestigiar os profissionais de Cultura e Economia Criativa, a premiação focou o olhar em valorizar artistas que seguiram em frente com coragem e criatividade. “Neste ano tão difícil por conta da pandemia da Covid-19, que afetou especialmente as artes, o Prêmio Arcanjo de Cultura é um forte aplauso à classe artística, que sobreviveu milagrosamente ao ano que atravessamos. Nosso intuito é celebrar profissionais e iniciativas pioneiras em 2020, sempre prezando por um olhar diverso, democrático e inclusivo, o que é nossa marca”, explica o jornalista cultural Miguel Arcanjo Prado, criador do prêmio, que está em sua segunda edição.
Elza é um desses exemplos. Apesar de já há alguns anos enfrentar dificuldades de mobilidade após uma queda em uma apresentação e um acidente de carro, os meses de isolamento em casa foram produtivos. Em junho deste ano, ela regravou Juízo Final, de Elcio Soares e Nelson Cavaquinho; em julho, numa live do Sesc São Paulo, no You Tube, emocionou mais de 100 mil espectadores ao cantar junto com o rapper Flávio Renegado uma versão emocionante de Carinhoso, composta por Pixinguinha e João de Barro, que eles haviam lançado em abril, no início da pandemia. Um mês depois, Elza foi uma das três capas de CLAUDIA, juntamente com Zezé Motta e Laura Cardoso. Em entrevista à editora-chefe de CLAUDIA, Isabella D’Ercole, afirmou “Não gosto de tirar férias, não preciso. Sinto falta do palco”.
A lista de indicados a Melhores de 2020 traz 60 nomes, que concorrem a 30 troféus divididos em 7 categorias. A cerimônia de premiação será realizada no primeiro trimestre de 2021 em formato híbrido – digital e presencial – tendo o Theatro Municipal de São Paulo novamente como palco.
Veja abaixo a lista completa dos indicados:
INDICADOS 2º PRÊMIO ARCANJO DE CULTURA – 2020
ARTES VISUAIS
Acervo Vladimir Herzog – Instituto Vladimir Herzog (IVH) e Itaú Cultural – Pela preservação da memória do grande jornalista brasileiro, assassinado pela ditadura.
Centro de Pesquisa e Formação (CPF) do Sesc São Paulo – Pela valorização da reflexão e proposta de diálogos sobre as Artes Visuais.
Edson Lopes Jr. – Pelo sensível olhar fotojornalístico no registro da pandemia do novo coronavírus na cidade de São Paulo.
Evoé – Fotografias de Teatro, de Priscila Prade – Pelo registro histórico que condensa três décadas do teatro brasileiro e seus grandes artistas.
J. C. Serroni – Pelos 70 de vida e grande contribuição, com projetos cenográficos, ensino, pesquisa e publicações, às Artes Visuais e ao Teatro Brasileiro.
John Lennon em Nova York por Bob Gruen – MIS – Pela apresentação da trajetória visual de um dos maiores artistas do século 20.
My Name Is Ivald Granato – Sesc Belenzinho e Sesc Guarulhos – Pela apresentação de meio século de produção artística inventiva e performativa do artista brasileiro.
Paulo Nazareth – Pela potente trajetória nas Artes Visuais com reconhecimento internacional.
CINEMA
A Febre – Pela proposição da diretora Maya Werneck Da-Rin em dar voz ao indígena em um país entregue à voracidade predatória.
Babenco, Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, de Bárbara Paz – Pela delicadeza cinematográfica no registro dos últimos dias de um dos maiores diretores do cinema, Héctor Babenco.
Fim de Festa – Pela proposta do diretor Hilton Lacerda em construir um filme inteligente e divertido, verdadeiro deleite para quem gosta de cinema.
Lima Duarte – Pelos 90 anos de vida do grande ator com contribuição inestimável ao cinema brasileiro.
Mostra de Cinemas Africanos e Vídeo nas Aldeias – Por serem duas iniciativas de inclusão audiovisual: a primeira, apresentando o novo cinema da África, e a segunda por ser importante projeto de produção audiovisual indígena.
Sete Anos em Maio e Vaga Carne – Pela união na exibição de dois médias poderosos na mensagem e qualidade de produção: de um lado, a denúncia do genocídio negro, do outro, um corpo buscando sua voz.
Silvio Guindane – Pela constante demonstração de ser artista versátil no cinema, teatro e TV, não se prendendo à atuação, mas navegando também pelo roteiro, dramaturgia e direção.
SPCine Play – Por ser uma plataforma pública pioneira de streaming no Brasil, que valoriza e amplifica o audiovisual nacional.
MÚSICA
Bárbara Bivolt – Pelo primeiro disco que leva seu nome e é fruto de uma década de dedicação ao rap.
Coletivo IMuNe – Instante da Música Negra – Pelo diálogo artístico que fez o Brasil conhecer seis nomes talentosos da nova música negra: Bia Nogueira, Cleópatra, Gui Ventura, Maíra Baldaia, Raphael Sales e Rodrigo Negão.
Edital Natura Musical – Pelo constante estímulo à nova música brasileira e apoio crucial no desafiante 2020.
Gilberto Gil e BaianaSystem – Pelo disco Gil Baiana Ao Vivo em Salvador, registro do encontro geracional potente e histórico.
João Gordo – Pela corajosa trajetória no Entretenimento e na Música, que o torna um dos maiores nomes do punk nacional.
Kunumi MC – Por ser voz representativa do discurso indígena na cena musical.
Marcelo D2 – Pelo disco Assim Tocam Meus Tambores, no qual reuniu seus “cria” em um projeto produzido e gravado a partir de lives feitas durante o período de isolamento.
Mateus Aleluia – Pelo disco Olorum, no qual o lendário integrante de Os Tincoãs, reforçou elo crucial com a ancestralidade negra.
REDES
Ary Fontoura – Pela comunicação positiva no Instagram durante a pandemia, que tornou o ator de 87 anos nome seguido por mais de 2 milhões de pessoas.
Educa Podcast – Pelo precioso projeto que une Educação e Música em papos prazerosos com entrevistados que sempre têm algo inteligente a dizer.
Festival Satyrianas – Pelo mergulho no digital em sua 21ª edição, acompanhada por mais de 45 mil pessoas em 78 horas que reuniram 300 atrações artísticas e cerca de 100 filmes.
Histórias de Confinamento – Pelo projeto digital baseado em histórias reais enviadas pelo público e transformadas em vídeos no canal do Grupo Galpão no YouTube.
Maria Zilda Bethlem – Pelas entrevistas conduzidas de forma espontânea pela atriz no Instagram que conquistaram milhares de pessoas na quarentena.
Na Morada – Pelo excelente podcast na CBN, conduzido por Tatiana Vasconcellos e Laura Cassano, focado em questões da mulher que mora sozinha, valorizando novos tipos de configuração familiar.
Teresa Cristina – Pelas lives no Instagram da cantora que imediatamente se tornaram porto seguro de inteligência e cultura nesta quarentena.
Tina – Pelo humor ferino das atrizes Isabela Mariotto e Julia Burnier no Instagram, onde a personagem conquistou o público inteligente com uma cutucada divertida no campo progressista privilegiado.
STREAMING TV
Amazon Prime Video – Pelo crescimento no Brasil do serviço de streaming que apresenta produções próprias e soluções eficazes para o usuário, como legendas de tamanho regulável.
As Aventuras de Poliana – Pela garra da equipe de teledramaturgia do SBT que conquistou o público, tendo sido a única novela inédita no ar durante a pandemia.
Babu Santana e Thelma Assis – Pelo forte carisma e representatividade negra que conquistou o país no Big Brother Brasil, reality da Globo.
CNN Brasil – Pela estreia, crescimento e por ter rapidamente se tornado importante opção de informação para o público brasileiro.
Em Nome de Deus – Pela revelação dos bastidores do caso João de Deus em uma verdadeira aula de jornalismo investigativo na série do Globoplay.
Falas Negras – Por dar voz na tela da Globo e no Globoplay ao discurso de 22 personalidades negras históricas, em cuidadosa produção dirigida por Lázaro Ramos e idealizada por Manuela Dias.
João Acaiabe – Pelos personagens que conquistaram gerações em 50 anos de carreira artística e pioneirismo na representatividade negra nas artes.
Sinta-se em Casa com Marcelo Adnet – Pela criatividade durante a pandemia do humorista no Globoplay, conseguindo aliviar as tensões do complicado período.
TEATRO
A Arte de Encarar o Medo (The Art of Facing Fear) – Pelo pioneirismo no Teatro Digital da Cia. Os Satyros nesta obra de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez com elencos brasileiro, africano-europeu e estadunidense e temporadas em 4 continentes; corajoso feito para o teatro brasileiro no turbulento 2020.
A Cor Púrpura – Pela impecável produção de teatro musical com elenco e equipe totalmente dedicados em contar uma velha história negra com múltiplos e novos significados.
Desamparos – Pelo mergulho sensível e virtual da atriz Cléo De Páris sob direção de Fábio Penna, um respiro poético em meio ao caos.
Jane Di Castro, Divina Valéria, Eloína dos Leopardos, Camille K, Marcia Dailyn e Divina Nubia – Pelo pioneirismo na representatividade trans e transformista nos palcos, com trajetórias reunidas no espetáculo Divinas Divas, marco no Theatro Municipal de São Paulo em 2020.
Negra Palavra, Solano Trindade – Pela valorização da importante obra do poeta negro pernambucano Solano Trindade, na voz de 11 artistas no Teatro Digital durante a quarentena em realização do Coletivo Preto e Cia de Teatro Íntimo.
O Canto de Ninguém – Pela madura construção dramatúrgica de Luccas Papp bem como pela estreia brilhante da estrela dos musicais Fabi Bang no teatro dramático, ambos sob direção de Kleber Montanheiro.
O Filho do Presidente – Pelo desbravar do Teatro Digital a cargo do Teatro Caminho, com o ator Ricardo Cabral dirigido por Natasha Corbelino, em uma experiência intimista.
O Pior de Mim – Pelo texto filosófico e entrega visceral da atriz Maitê Proença, sob direção de Rodrigo Portella, em um voo delicado nas possibilidades criativas e comunicativas do Teatro Digital.
ESPECIAL
Anderson Jesus – Pela proposta de comunicação que valoriza a trajetória negra, foco do projeto de conteúdo digital multiplataforma Todos Negros do Mundo (TNM).
Angela Ro Ro – Pelos 70 anos de uma artista talentosa, pioneira na liberdade do amor e com trajetória de sucessos que marcaram gerações.
Elza Soares – Pelos 90 anos desta artista de grande talento, farta coragem e constante capacidade de reinvenção, além de ser voz histórica da mulher negra brasileira.
Fábio Porchat – Pelas entrevistas em formato live na quarentena e pela ajuda a artistas e técnicos em vulnerabilidade na pandemia.
Fundo Marlene Colé da APTI, Fundo Iasmine do Teatro Musical, APTR, SP Escola de Teatro, Cooperativa Paulista de Teatro e Sated – Pelas campanhas de ajuda a artistas e técnicos vulneráveis na pandemia da Covid-19.
Hilton Cobra – Pela irretocável trajetória de valorização do teatro negro, coroada com a excelente peça Traga-me a Cabeça de Lima Barreto.
Hugo Possolo – Pelos múltiplos editais da Secretaria Municipal de Cultura da Cidade de São Paulo durante a pandemia, primordiais para a sobrevivência do campo cultural paulistano.
Itaú Cultural – Pelos editais Arte como Respiro durante a quarentena em diferentes linguagens artísticas, que trouxeram fôlego extra às artes e seus profissionais.
Os Crespos Cia. de Teatro – Pelos 15 anos da importante companhia dedicada ao teatro negro sob comando de Lucelia Sergio e Sidney Santiago Kuanza.
Pedro Paulo Cava – Pela trajetória de 70 anos de vida e dedicação às artes cênicas em Minas Gerais, onde comanda o Teatro da Cidade em Belo Horizonte há três décadas.
Sesc São Paulo – Pela série #SescEmCasa com espetáculos que representaram uma nova possibilidade produtiva na quarentena para profissionais das artes.
Sérgio Sá Leitão – Pelos constantes editais da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo em apoio aos artistas durante a pandemia com destaque para o #CulturaEmCasa, com a Associação Paulista dos Amigos da Arte (APAA), que possibilitou o encontro de artistas com milhares de espectadores durante a quarentena.