“Oi, meu nome é Daiana e por muitos anos me senti insuficiente, inadequada e fracassada.” É com essa confissão que Daiana Garbin inicia seu novo livro, A Vida Perfeita Não Existe, publicado pela editora Sextante e disponível nas livrarias a partir desta quarta-feira (12). Ao longo das páginas da obra, a jornalista junta sua experiência pessoal, mais de 3 mil relatos de leitores e seguidores e entrevistas com profissionais da saúde mental para desmistificar a felicidade plena.
Na introdução, Daiana avisa que será uma leitura difícil, em que o leitor irá se deparar com várias questões que são dolorosas para quem, assim como ela, se sentiu insegura e insuficiente durante a maior parte da vida.
“Eu comecei a me questionar: por que nós vivemos assim? Quando foi que nós deixamos de gostar de nós mesmas? Por que não somos capazes de nos valorizar e enxergar o nosso valor?”, conta Daiana durante conversa por telefone com CLAUDIA. “Eu cheguei ao entendimento de que estamos em busca da vida perfeita. Nós achamos que só vamos ter valor no dia em que não errarmos, no dia em que não fracassarmos, no dia em que formos perfeitas na aparência, na capacidade intelectual, em que formos perfeitas como mulher, esposa e mãe”, reflete a escritora, que tem um público de leitores e seguidores majoritariamente feminino.
E Daiana só consegue enxergar essa problemática agora porque também foi uma pessoa que buscou incessantemente a felicidade plena. Quem a acompanha há mais tempo, segue seu canal no YouTube, Eu Vejo, ou leu seu primeiro livro, Fazendo As Pazes Com o Corpo (Sextante, 2017), sabe que a insegurança, durante muito tempo, fez parte de sua vida e resultou em um transtorno alimentar.
“Nós mulheres sofremos de uma forma diferente. Nós comparamos a nossa capacidade intelectual, o nosso valor como mulher e a nossa aparência, gerando mais insegurança”, pondera. “Isso é muito delicado, é a mudança social que precisamos fazer.”
Mas, em seu novo livro, Daiana vai além. Ela assume que, assim como qualquer ser humano, ela também tem sentimentos dos quais sente vergonha. “Eu sou invejosa, sou controladora, possessiva, tenho dificuldade de perdoar. Eu sou um monte de coisa que eu não gosto e não admiro nas outras pessoas, mas que faz parte de mim. Então, como eu posso melhorar enquanto ser humano?”, questiona.
“Eu preciso admitir que eu tenho esses sentimentos ruins e dolorosos e aprender a lidar com eles. E é por isso que eu decidi contar as minhas situações e trazer também situações de outras pessoas para que possamos entender que não estamos sozinhas, que é da condição humana ter dentro de si todos esses pensamentos, sentimentos e que não há ser humano que vá passar pela vida sem sentir isso. É normal”, completa.
A necessidade de falar sobre esse assunto na era das redes sociais é ainda mais urgente. “O que nós vemos, em geral, são recortes de vidas que parecem perfeitas. Como só compartilhamos os momentos maravilhosos, ficamos com a impressão de que a vida dos outros é perfeita e só a nossa é medíocre, só nós temos dor, frustração e sofrimento. Então, eu resolvi falar desse outro lado. Do lado em que a vida real não é perfeita e nunca será”, explica.
Fazendo as pazes consigo mesma
Ao mesmo tempo em que busca ajudar seus leitores a se valorizarem e a pararem de buscar um padrão de vida perfeito – que não existe –, o livro de Daiana também foi um processo terapêutico e de cura para ela mesma. Nos três anos entre o lançamento de seu primeiro livro e a publicação de A Vida Perfeita Não Existe, a jornalista conta que evoluiu na forma como aprendeu a lidar com o sofrimento.
“Eu realmente era uma pessoa que buscava uma vida perfeita. Eu buscava o corpo perfeito e adoeci. Depois eu pude entender que esse sofrimento com o meu corpo dizia respeito a todas essas dores das quais eu falo no meu novo livro e tudo isso aconteceu devido a uma sensação de fracasso e insuficiência que eu carregava dentro de mim”, revela. “Eu amadureci muito nesses três anos e passei a entender que a dor faz parte da vida, que não vamos realizar todos os nossos sonhos. A realização plena é impossível, porque nunca vamos deixar de desejar”, reflete.
E, em breve, ela terá a chance de passar seus ensinamentos para a próxima geração. Grávida de sete meses da Lua, sua primeira filha com o apresentador e marido Tiago Leifert, Daiana conta que se tornar mãe de menina é uma forma de fazer as pazes consigo mesma, apesar de, em um primeiro momento, não ter pensado assim.
“No dia em que o médico me falou ‘é uma menina’, eu comecei a chorar desesperadamente. Eu falei para o meu marido: ‘eu não vou saber criar uma menina, tinha que ser menino’. E ele me respondeu: ‘Dai, tinha que ser menina. Deus te mandou ela porque você vai fazer diferente'”, conta, emocionada. “Eu realmente acho que Deus me mandou uma menina para fazer as pazes com a mulher que eu sou, com o meu feminino que foi tão machucado sempre. Será o meu renascimento e um encontro com a menina que sempre esteve em mim”, finaliza.
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