Se a TV está completando 70 anos na próxima sexta-feira 18, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, participou de 68 anos dessa trajetória e foi um dos principais responsáveis pela consolidação do modelo de sucesso da televisão aberta.
O empresário e ex-diretor geral da Rede Globo assim foi apresentado ao público pela jornalista Vera Magalhães na abertura do Roda Vida, na noite desta segunda-feira 14, que teve como entrevistadores convidados Zeca Camargo, Maria Adelaide Amaral, Joyce Pascowith, Tonico Ferreira e Roberto Muylaert.
Durante a entrevista Boni foi questionado se demitiria José Mayer, na época em que o ator foi acusado de assédio sexual, e Marcius Melhem, que saiu da Globo depois de ser acusado de assédio moral. “Aqui de longe eu não mandaria embora porque são pessoas extraordinárias. Agora trabalhando lá dentro, teria detalhes, fatos que pudessem comprovar isso”.
Se confirmada a veracidade das acusações, Boni disse que certamente demitiria, mas também se disse contra condenações apressadas. Tenho pavor de julgamento precipitado. Hoje, com a pressão das redes sociais, com essa questão do absoluto e preocupação e politicamente correto, hoje se pune e se usam essas questões todas para atingir também”.
Sobre o futuro da televisão, Boni aposta em mudanças mas é cético em relação aos que afirmam que a explosão do streaming vai sepultar a televisão aberta. “ Nada acaba, tudo se transforma”.
Em sua opinião o streaming substitui as locadoras de vídeo. “ Com mais tecnologia, mais competência, mas com uma dificuldade. O locador de vídeo representava todos os produtores, de filmes do mundo inteiro. E hoje, a Netflix está perdendo grandes produtores, que estão montando seu próprio streaming. Eles descobriram que aquilo que a Netflix fazia, eles podem fazer sozinhos”, disse, citando o surgimento de produções em grande escala para streaming da Disney, Universal e Apple TV.
O drama, diz Boni, recai sobre a sustentabilidade dessa profusão de opções de streaming, já que uma base sólida de assinantes é necessária para que esse modelo de negócio seja rentável. “Eu não acredito que haja, acredito que vá continuar existindo a televisão do anunciante e a televisão do assinante. A televisão do anunciante é sustentada com verba dos produtos para oferecer ao público entretenimento de qualidade, cujo custo não é a assinatura, está embutido no produto que você consome.”
As novelas, de acordo com Boni, serão as grandes responsáveis pela continuidade da televisão aberta nos próximos anos pelo grau de identificação do gênero com o público. “É o fato delas criarem personagens que você conheça, ame ou odeie, convive com ele e passe seis meses ligados com ele num total processo de fidelidade, é isso que vai manter um pouco da dramaturgia viva na televisão. A novela é o ingrediente que fará o Brasil ter mais tempo de vida na televisão aberta.”