A Justiça americana deu ganho de causa para a atriz Ashley Judd na apelação do processo contra Harvey Weinstein. Ashley, que acusa Weinstein de ter deliberadamente prejudicado sua carreira depois que se recusou a ter relações sexuais com ele, estava impedida de seguir com o processo de assédio porque a equipe de defesa do produtor alegou que ele não era chefe dela, portanto não teria esse poder. Segundo a avaliação do painel de três juízes a conclusão foi outra. Para eles, mesmo sem vínculo direto, a posição de produtor e de dono de estúdio estabelecia a relação de maior poder dele sobre a atriz, podendo coagi-la.
“A virtude da posição profissional dele e sua influência, colocava Weinstein em uma posição única de poder coercivo sobre [Ashley] Judd, que era jovem e no início de sua carreira na época do assédio”, diz a juíza Mary H Murguia. “Mais ainda, dada a forte influência e inevitável presença de Weinstein na indústria do cinema, era muito difícil para Judd romper com ele ‘sem dificuldade tangível’, ainda mais que a vida de atriz dependia de ser convidada para os papéis”, acrescentou.
Ashley relatou que, nos anos 1990, quando estava em ascensão em Hollywood, Weinstein a chamou para uma reunião em um quarto de hotel, onde pediu para que ela o visse tomar um banho e tentou fazer massagem nela. Quando ela se recusou, ele passou a prejudicar seu trabalho, e Ashley perdeu importantes oportunidades de trabalho. Embora tenha sido aberta sobre o assunto por anos, a atriz só se encorajou em processá-lo depois que viu uma entrevista do diretor Peter Jackson em que conta como Weinstein o desencorajou a contratar tanto Ashley quanto Mira Sorvino, outra atriz que ele tentou abusar, chamando ambas de “um pesadelo para se trabalhar”. Na época, Jackson estava à frente da trilogia O Senhor dos Anéis.
O processo aberto por Ashley acusa Weinstein de difamação, abuso de poder e assédio sexual. A vitória de hoje (29) foi celebrada pelos advogados da atriz que agora pode prosseguir com a ação.