Após uma entrada razoável e divertida no DCEU – isto é, o Universo Estendido DC –, o diretor James Wan retorna para o universo cinematográfico da DC para a continuação do filme estrelado por Jason Momoa e Patrick Wilson. De certa forma, o lançamento chega em um momento inoportuno após as revelações de que o universo visto nos filmes mais recentes do estúdio será encerrado, fechando a linha temporal que acompanhamos até agora. Aqui, o que achamos de Aquaman 2: O Reino Perdido.
Aquaman 2: O Reino Perdido, que estreou nesta quarta-feira (20), marca o fim de uma era e, seja você fã ou não, é impossível negar que esperávamos um fechamento explosivo e condizente com o caminho trilhado (apesar de tortuoso e confuso) por Zack Snyder.
Aquaman 2 fecha sem grande alarde
Aquaman 2: O Reino Perdido, que é lançado cinco anos após seu antecessor, começa em caos e tentativas de humor, com aquele toque de “super-herói que não foi preparado para essa vida”.
No longa, encontramos Curry tomando seu papel como rei e descobrimos (de forma inorgânica) que o herói casou com a princesa Mera (Amber Heard) e teve seu primogênito.
Seu antigo arqui-inimigo, Arraia Negra, volta a assombrar Atlântida, desta vez com o poder mítico do Tridente Negro do Reino Perdido. Para derrotá-lo, o nosso herói se vê forçado a se aliar à pessoa mais improvável (o que torna a trama, de certo modo, previsível), seu irmão Orm.
Para encerrar o universo, o filme segue uma receita que já vimos diversas vezes no próprio DCUE: um herói que não acredita em si mesmo + comédia + lutas pouco realistas + um final rápido e sem desenvolvimento.
Isso tudo seria irrelevante (ou menos relevante) se fosse apenas mais uma continuação sem fatores emocionais ligados ao filme, mas não é o caso. Para um filme que encerra um projeto de anos – e que foi adorado por muitos – o mínimo que se esperava era uma história significativa para os fãs.
Wan aposta na relação de camaradagem de Arthur e Orm, mas não sai do roteiro clássico de irmãos que deixaram seu passado de rivais para trás – semelhante a Loki e Thor. Ademais, não vemos uma grande evolução emocional em Aquaman quanto ao seu destino como rei de Atlântida.
James Wan falha em continuidade
Saímos de um filme em que Arthur começava a se apaixonar pela personagem de Mera, e engatinhava no mundo de Atlântida. Já no início da sequência, vemos explicações corridas e despreparadas sobre o que aconteceu nos últimos anos, resultando em uma casamento e um primogênito que parecem descolados do título anterior.
E isso é apenas um reflexo do caos nos bastidores do estúdio, com cenas de Ben Affleck (Batman) cortadas e um tempo de tela pequeno, de cerca de 6 minutos, para Amber Heard (Mera) – justificados por um ferimento que parece improvisado. Em Aquaman, a personagem se mostra indispensável no desenrolar da história (sendo uma das poucas personagens coerentes), salvando nosso herói em diversas ocasiões e sendo sua fiel companheira na luta contra Arraia Negra e Orm.
Efeitos especiais medianos
O DCEU ainda tem uma grande trilha a seguir quando o assunto é efeitos especiais. Claro, houve melhorias nas cenas de luta – não vimos cenas catastróficas feitas visivelmente em uma tela de computador – mas ainda não podem ser consideradas primorosas, como esperaríamos de um longa de super-heróis.
Efeitos debaixo d’água, como movimentação corporal e dos cabelos, apesar de mais naturais que no longa anterior, ainda são medianos quando comparados aos de produções mais recentes, como Avatar: O Caminho da Água e A Pequena Sereia.
DCEU cutuca com reflexão climática
Contudo, o filme traz uma discussão pertinente para a mesa de forma inesperada: a crise climática. Desta vez, o tema entra em pauta com as calotas degelando e oceanos acidificando.
Claro, os efeitos são majoritariamente associados à fantasia, mas não falham em nos fazer refletir sobre nossas possibilidades iminentes.
No final, o universo se encerra da mesma forma que a relação da DC com o seu público tem se estabelecido: com altos, baixos e alguns poucos acertos no caminho.
Agora, só nos resta torcer para que a tomada do universo da DC por James Gunn tire a franquia da escuridão e traga, mais uma vez, a paixão pelo mundo dos super-heróis.