O filme que levou o prêmio de Melhor Filme de Drama do Globo de Ouro não foi nem O Irlândes, nem História de Um Casamento e nem mesmo Coringa, como muitos esperavam. Indo na contramão da expectativa do público e do número de indicações – afinal, os longas obtiveram cinco, sete e quatro nomeações, respectivamente – um filme contextualizado na Primeira Guerra Mundial, que tem apenas uma mulher (não creditada) no elenco e que ainda não estreou nas telonas levou o prêmio: 1917.
Ao mesmo tempo em que o Globo de Ouro deu visibilidade para filmes de streaming – afinal, dos cinco indicados ao prêmio principal, três eram da Netflix – a escolha da Associação da Imprensa Estrangeira em Hollywood (HFPA, na sigla original), que promove a festa, pode ser vista como conservadora e dentro de sua zona de conforto. Filmes de guerra costumam ser figurinhas carimbadas nas premiações.
A escolha de 1917 como o grande vencedor da noite foi na contramão das expectativas do público.
Isso aconteceu devido, principalmente, ao fato de 1917 não ter sido um dos favoritos do público a ganhar o título de Melhor Filme – ele era o menos indicado da noite, concorrendo em apenas três categorias. Além disso, muitos apostavam que a Netflix romperia o conservadorismo e brilharia na cerimônia assim como brilhou nas indicações. Não foi o que aconteceu.
A primeira quebra de expectativa foi O Irlandês, produção da plataforma de streaming que foi amplamente aclamado pela crítica. Sob direção do cineasta Martin Scorcese, protagonizado por Robert De Niro e com uma profunda trama sobre a máfia nos Estados Unidos, o longa foi indicado 5 vezes, mas não venceu nenhuma categoria. Nem mesmo com Ator Coadjuvante – Al Pacino e Joe Pesci haviam sido indicados, ao contrário de De Niro, que foi “ignorado” pela premiação e não recebeu indicação.
Outro filme que não obteve o reconhecimento esperado foi História de Um Casamento, dirigido por Noah Baumbach e estrelado por Scarlett Johansson e Adam Driver. Apesar das 7 indicações – foi a produção mais indicada da noite –, a trama levou apenas um prêmio, na categoria Melhor Atriz Coadjuvante. Quem levou o troféu foi Laura Dern.
A Netflix conseguiu emplacar ainda mais um filme entre os indicados do Globo de Ouro, Dois Papas, dirigido pelo brasileiro Fernando Meirelles. Mas também não ganhou nenhuma das quatro categorias em que concorria.
Por outro lado, Coringa também era o favorito de muita gente. Vencedor do prêmio máximo do Festival de Veneza, o filme foi o mais comentado de 2019 e levou multidões aos cinemas. Em contrapartida, 1917 nem estreou em larga escala ainda – apenas foi exibido em sessões limitadas, para que pudesse concorrer nas premiações desse ano.
1917: Guerra, personagens reais e predominância masculina
Com estreia prevista para 23 de janeiro, o filme vencedor na categoria mais cobiçada do Globo de Ouro conta a história de dois soldados britânicos durante a Primeira Guerra Mundial. Na trama, eles são encarregados de uma missão aparentemente impossível: entregar uma mensagem que pode salvar seus colegas de batalhão, atravessando todo o território inimigo.
1917 é dirigido por Sam Mendes (que também levou o Globo de Ouro como Melhor Diretor) e o roteiro é assinado por ele e por Krysty Wilson-Cairns. O filme é inspirado em “fragmentos” da memória do avô do diretor, Alfred H. Mendes, que serviu como mensageiro para os britânicos na Frente Ocidental quando tinha apenas 19 anos, de acordo com a revista Time. Apesar disso, os personagens principais não são pessoas que existiram na realidade, mas, sim, indivíduos inspirados em pessoas reais que estiveram nas trincheiras.
Mesmo sendo considerado a “zebra” do Globo de Ouro, 1917 pode atrair o grande público por outro motivo: um dos personagens principais, o cabo Blake, é interpretado por Dean-Charles Chapman, o Tommen de Game Of Thrones. O outro protagonista, o cabo Schofield, é interpretado por George MacKay.
O longa ainda conta com outro ator que trabalhou em GoT: Richard Madden, que dava vida a Rob.
Apesar da trama emocionante e das cenas grandiosas (típicas dos filmes de guerra), 1917 pecou em um quesito: o elenco é quase 100% composto de homens. Dos 89 atores que atuam no filme, apenas duas são mulheres e uma delas consta como “não creditada”.
Confira, abaixo, o trailer de 1917: