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11 artistas brasileiras que (também) estão quebrando todas as regras de gênero

Lugar de mulher é na música - e lacrando.

Por Lucas Castilho
Atualizado em 12 abr 2024, 09h56 - Publicado em 13 abr 2016, 15h37
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  • Na matéria “11 artistas que estão quebrando todas as regras de gênero”, nós, aqui do M/Trends, queríamos apresentar músicos de uma nova geração extremamente talentosa, que rejeita tudo o que ensinaram sobre o que é ser homem e mulher. Focamos principalmente em cantorxs que brincam com elementos normalmente atribuidos ao outro gênero.

    Mas nossas leitoras atentaram para uma questão muito importante: por que tão poucas mulheres na lista? Elas tinham razão. E a partir disso começamos a pensar nas diversas formas como mulheres quebram regras de gênero todos os dias. Usar peças do guarda-roupa masculino, por exemplo, já não é tabu há quase um século. Mas as mulheres ainda têm muito a conquistar, e, certamente, essas 11 artistas que selecionamos abaixo dão grandes passos todos os dias. Essas minas são f*da.

    1. Tássia Reis

    Tássia Reis é negra, mulher, feminista, e “do rap”. Tudo isso já é o bastante para que seja considerada uma quebradora de regras, mas a garota de Jacareí, interior de São Paulo, é muito mais. Dona de um discurso articulado sobre representatividade, ela não abaixa a cabeça – ainda bem! Tem orgulho do cabelo afro, de ser uma artista independente, de compor suas próprias músicas… E não fica calada frente a discursos de ódio. Escute “Desapegada”, uma pérola lançada no final do ano passado.

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    2. Sara Não Tem Nome

    Uma garota, um violão e um punhado de músicas incríveis! Essa é Sara Não Tem Nome, persona musical da mineira Sara Braga que, aos 22 anos, lança o delicado CD “Ômega III”. Entenda por “delicado” a qualidade contemplativa do projeto, as letras profundas, porém de fácil identificação, o esmero da produção… Há quem diga que ela tenha um “quê” da cantora e poeta norte-americana Patti Smith. A gente não poderia concordar mais! Sara, que também é artista plástica, não é nada óbvia. 

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    3. Luiza Lian

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    Luiza Lian lançou seu primeiro álbum solo no ano passado, o lisérgico – e sensacional – “Luiza Lian”. Sim, o nome dela! Oras, nada mais apropriado do que nomear desta forma um CD no qual (quase) tudo foi feito por você. Das 13 canções, mais da metade foram escritas por Luiza e o direcionamento artístico da coisa também é todo dela. Como se isso não fosse suficiente, ela traz referências umbandistas para o trabalho: nas canções “Protetora” e “Chororô” ela homenageia Oxum, orixá que representa a sabedoria e o poder feminino. Tabu? Não na música dela. Quer ouvir? Luiza disponibiliza seu som de graça.

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    4. Mahmundi

    Nossa, nada no cenário musical brasileiro atual é como Mahmundi, projeto capitaneado pela carioca Marcela Vale. É sério. Com um background musical vindo de seus tempos como técnica de som no Circo Voador, famosa casa de shows do Rio de Janeiro, ela faz de tudo um pouco: compõe, produz, toca… Multi-instrumentista, ela domina guitarra, bateria, teclado, além, óbvio, dos ótimos vocais. Não perca a mistura de synths oitentistas, batidas ensolaradas e letras pegajosas proposta pela cantora e escute os EPs “Efeito das Cores” e “Setembro”

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    5. BrisaFlow

    “Nós queremos as de cem, isto é nosso também”, rima a MC BrisaFlow (ou Brisa De La Cordillera) no hino feminista “As de Cem”. E é essa a mensagem que a artista quer passar com seus versos: representação feminina e empoderamento. Principalmente no rap, gênero conhecido muitas vezes pelas letras misóginas e pouco elogiosas às mulheres. Filha de chilenos que vieram ao Brasil para fugir da ditadura, a rapper também canta a América do Sul e suas desigualdades nas letras. BrisaFlow não vai ser calada. Foi estuprada aos 13 anos na escola onde era bolsista. E quer com seu dircurso e música que todos saibam de sua história para que isso não se repita com outras, para que as mulheres não sejam ainda mais oprimidas. Seu aguardado primeiro álbum sai ainda este ano.

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    6. Janine Mathias

    Janine Mathias é do samba, do rap, do pop… Não é presa a nenhum rótulo e sua música evoca um sentimento de liberdade. Filha de sambista, a garota nascida em Brasília (DF) deu os primeiros passos cantando na igreja, lugar onde começou, por incrível que pareça, a se envolver com o rap. Mas foi só quando decidiu se mudar para Curitiba que a carreira da artista começou a tomar forma. Dona do EP “Eu Quero Mergulhar”, de 2012, ela é parceira musical da Tássia Reis, também presente nesta lista. É delas o bem-sucedido projeto “Um mergulho no Rap Jazz”, show conjunto idealizado por elas. Sororidade e talento? A gente vê por aqui!

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    7. Nara Torres (Iconili)

    Nara Torres quebra regras de gênero diariamente não só por ser uma mulher, a artista faz isso por ser a única em uma banda com dez homens. E vai além ao não fazer o papel que teoricamente esperam dela: o de vocalista. Ela é percussionista na elogiada Iconili, banda de Belo Horizonte (MG) que mistura afrobeat e jazz. Feminista, ela não foge de pautas caras às mulheres, como o aborto, e segue lacrando todos os dias por não se curvar aos estereótipos.

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    8. D’Origem

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    Meire MC e Preta Ary são duas minas que se juntaram ao DJ MB para fazer rap – e rap bom! Muito mais: para criar rimas que valorizem e deem voz para a mulher. “Meu som de protesto manifesta os pensamentos, muito louco é pouco pro meu talento. É o que eu quero mesmo que meu jeito torne-se presente. Para que as minas tornem-se menos ausentes. Para que eu não seja lembrada somente no mês de Março. Todo dia é meu dia e isso eu mesma faço”, versam as garotas de São José dos Campos (SP) na ótima canção “De Origem Africana”. A música está em boas mãos!

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    9. Lari Pádua

    Quantas minas produzindo música você vê por aí no Brasil? Ou melhor: quantas minas produzindo música você vê pelo mundo? Existem várias, claro, mas muitas vezes o talento delas não recebe a atenção e o alcance que merecem. Não é o caso, ainda bem, da multi-instrumentista Lari Pádua. Paulistana, ela acaba de disponibilizar o experimental EP “Concrete”, todinho gravado, composto e produzido por ela com a ajuda de programas de computador. Isso é girl power, isso é quebrar estereótipos de gênero. F*da!

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    10. Dom La Nena

    “Eu não tenho casa, não, vivo na maré”, canta Dom La Nena em “Vivo na Maré”. Nascida em Porto Alegre (RS), Dominique Pinto (nome de batismo da garota) do alto de seus vinte e poucos anos já se dividiu entre vários lugares: França, Argentina, Brasil… Talvez venha daí esse sentimento de não-pertencimento da canção. Que em contrapartida também sugere liberdade. Porque ela é mulher e sai por aí sozinha, sim, e faz o que bem entende. Mas o melhor sobre ela é o talento. Sobre tocar violoncelo, violão, contrabaixo, piano, ukelele, compor, produzir… Ah, ela é bem conhecida no exterior também, elogiada pelo importante The New York Times. Escute “Soyo”, álbum lançado pela artista em 2015.

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    11. Ava Rocha

    Em “Ava Patrya Yndia Yracema”, disco solo de estreia de Ava Rocha, a cantora interpreta vários personagens em suas canções, a sozinha, a mãe, a amante, a revolucionária… Ela mesma, muitas em uma só: cantora, atriz, artista, filha… Sua voz é forte, às vezes, até um pouco grossa e é impossível colocá-la em uma única caixinha. Assim como todas as mulheres desta lista, Ava quebra padrões de gênero todos os dias, aliás, mais do que isso: é única. 

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