Protagonizado com muita competência por Margot Robbie, “Eu, Tonya” mescla drama e humor para contar a história real de Tonya Harding, considerada por muitos como a maior vilã do esporte nos Estados Unidos. Maode acreditar: você não precisa conhecer detalhes sobre o escândalo e nem mesmo gostar de patinação no gelo para adorar esse filme. Veja aqui os motivos!
1. Margot Robbie nunca esteve tão maravilhosa
Desde que chamou a atenção de todo mundo, em “O Lobo de Wall Street”, Margot é tida como uma das mulheres mais bonitas de Hollywood, mas ela é muito mais do que isso. E “Eu, Tonya” faz jus ao talento da atriz. Ela está visceral no papel, nunca esteve tão bem em cena e a gente até releva o fato de que Margot não se parece muito com a Tonya da vida real. A indicação ao Oscar foi merecida e nós mal podemos esperar para vê-la brilhar novamente como nesse filme.
https://www.youtube.com/watch?v=_YSP-ADogMA
2. Você vai virar fã de Allison Janney (ou amá-la ainda mais)
Tem cheiro de Oscar no ar! Allison é dessas atrizes que sempre entregam boas performances e que, apesar de ter um Emmy (pelo seriado “Mom”) no currículo, nunca havia se destacado muito no cinema. Felizmente, “Eu, Tonya” quebrou esse ciclo e a gente tem certeza absoluta de que vamos ver a atriz em outros bons filmes. Sério, ela está simplesmente impagável no papel da mãe de Tonya (LaVona Golden) e já levou o Globo de Ouro e o SAG Awards pelo papel.
3. É uma história que merece ser (re)contada
O caso Tonya Harding é considerado por muitos como o maior escândalo do esporte nos Estados Unidos – e um dos maiores do mundo. Em resumo, ela é suspeita de ter mandado quebrar as pernas de sua principal concorrente, a também americana Nancy Kerrigan. Isso aconteceu no dia 6 de janeiro de 1994, durante os treinos para as Olimpíadas de Inverno daquele ano. Nancy foi atacada por um homem com um bastão de ferro e quase ficou de fora da competição.
Tonya passou a ser a pessoa mais odiada do país naquela época, três anos depois de se tornar um ídolo do esporte. Ela foi a primeira patinadora americana a conseguir fazer o Triple Axel, um salto em que o atleta gira três vezes e meia no ar. Esse foi ápice da carreira de Tonya, mas, depois de 1994, ela basicamente passou a ser lembrada somente como uma das maiores vilãs – se não a maior – do esporte nos EUA.
É sabido que seu ex-marido, Jeff Gillooly, teve envolvimento no crime que quase colocou um fim à carreira de Nancy, mas até hoje não há uma comprovação definitiva de que Tonya também participou do plano. Mesmo assim, ela foi publicamente massacrada e banida do esporte. Depois disso, passou a dedicar-se ao boxe.
4. Você não precisa conhecer a história de Tonya para adorar o filme
A treta aconteceu há 24 anos e é possível que você nem a conhecesse, pois a repercussão aqui no Brasil não foi muito grande. Mesmo assim, não é preciso que você esteja familiarizada com o caso para gostar do filme. Primeiro, porque você não vai ficar perdida, já que o longa mostra tudo o que é preciso saber sobre a história. Outro ponto que faz a diferença é que esse não é apenas um filme que documenta algo, ele é muito mais dinâmico, sagaz e engraçado do que as cinebiografias tradicionais.
5. Conta uma história real sem ser apenas documental e explicativo
Para começo de conversa, essa é uma cinebiografia que não se preocupa em desvendar a verdade por trás do que aconteceu. De cara ele já anuncia que o roteiro é baseado em entrevistas reais, mas que isso não significa que o que está sendo mostrado tenha realmente acontecido. Com isso, “Eu, Tonya” mistura dois formatos: o de um filme clássico, com narrativa linear, e o de um documentário fake – em que os atores quebram a quarta parede, pois é como se os personagens estivessem dando entrevistas.
Alguns desses relatos são tão absurdos que parece que o filme forçou a barra demais, mas, quando a gente se depara com as entrevistas verdadeiras é que dá para ver o quanto a história é realmente surreal. E explorar isso é a sacada mais genial do filme.
6. Lindas cenas de patinação
Além de usar uma dublê e efeitos digitais, Margot Robbie aprendeu a patinar de verdade e as cenas dela se apresentando são empolgantes. Dá até vontade de ver mais imagens desse tipo.
https://www.youtube.com/watch?v=MRLl33jlGf0
7. Humor ácido que vai te fazer rir em vários momentos
Como já dito, o filme acerta em cheio ao explorar ao máximo o fato de que essa é uma história com personagens excêntricos demais para serem reais: com destaque para a mãe de Tonya e o melhor amigo do ex-marido da patinadora, que também era segurança dela (Shawn). “Eu, Tonya” poderia ser apenas um drama, mas opta por ser um drama acidamente engraçado e isso é ótimo.
Bom, mas nem tudo são flores nesse filme e, verdade seja dita, o tom cômico está presente em momentos que não deveria, pois esse também é um filme que fala sobre violência doméstica. Tonya sofria (e muito!) na mão da mãe, durante a infância, e depois foi espancada pelo marido diversas vezes, na vida adulta.
Violência e humor negro funcionam muito bem em diversos filmes, inclusive nesse, mas “Eu, Tonya” acaba errando a mão por tratar a violência doméstica de maneira cômica e leviana em dados momentos. Há uma cena em que Jeff ameaça Tonya com um revólver e isso é mostrado de maneira romantizada, ao som de “How Can You Mend A Broken Heart”, do Al Green. Desnecessário.
8. Humaniza a personagem e escancara o mito da meritocracia
Sim, o filme escorrega em alguns pontos, pois mesclar violência e comédia nunca é tarefa fácil. Mesmo assim, ele também escancara um fato perturbador: Tonya tinha um talento ímpar, mas foi uma mulher tragada pelos abusos físicos e psicológicos que sofreu desde a infância. Isso humaniza a história da personagem e mostra que é injusto julgar um atleta apenas pela performance que ele apresenta nos campeonatos. Não basta treinar, não basta ter habilidade, persistência e coragem. Há muito mais coisa envolvida.
9. Mostra o lado machista e elitista da patinação
E, para além dos problemas pessoais, também existe a pressão exercida pela indústria do esporte. Tonya era uma mulher com talento de sobra, mas não se encaixava nos padrões exigidos. Ela faz parte da classe categorizada nos EUA como white trash (lixo branco), que é como são chamados os caipiras brancos, pobres e com pouca escolaridade. O filme frisa bastante o fato de que ela sofria preconceito por conta disso. Especialmente num meio elitista como o da patinação no gelo, espera-se que as atletas sigam determinados padrões, o que é bem injusto.
10. Ele faz uma boa reflexão sobre o sensacionalismo em torno das celebridades
Ao final, o filme não se preocupa em tentar dar respostas ao mistério envolvendo Tonya Harding, mas faz a gente pensar sobre o quanto julgamos as celebridades – ou alguém que seja foco das manchetes – sem se preocupar em conhecer todas as facetas do que está sendo contado. Seja ela culpada ou não, essa é uma válida reflexão sobre a cultura do espetáculo e do sensacionalismo.