Questionado por uns e aplaudido por outros, o dress code profissional permanece como um ponto de interrogação e de discussão na esfera do mundo corporativo. Para muitas pessoas, em especial gestores e colaboradores, as regras de vestimenta propostas por determinadas empresas parecem estar em desalinho com os avanços da sociedade contemporânea.
Como uma profissional que atua no segmento de imagem e comportamento, acompanho atentamente as questões que envolvem esse tema e tento compreender os dois lados da moeda. Sim, concordo que vivemos, a partir da revolução tecnológica, uma revisão de valores e de padrões de comportamento no mundo inteiro e que determinadas imposições não cabem mais no atual cenário social, cultural e profissional. No exercício do meu trabalho, vivencio diariamente essa nova realidade do mercado.
No entanto, o que poucas pessoas entendem é que os códigos de vestimenta, salvo raras exceções, também acompanharam as mudanças e estão se adaptando com sucesso à realidade social e comportamental do mundo moderno. É claro que nada na vida acontece no tempo e do jeito que desejamos.
Algumas empresas, principalmente as mais conservadoras, ainda estão tentando se encaixar dentro dos novos padrões e readaptando os códigos de vestimenta de suas corporações. O objetivo é que o dress code deixe de ser visto como uma ferramenta de exclusão e passe a ser avaliado como um potente canal de comunicação e de respeito ao outro.
É exatamente esse ponto que desejo ressaltar nesse artigo. Ninguém tem dúvida de que quando foi criado há alguns séculos, o dress code tinha como objetivo diferenciar nobres e plebeus nas mais variadas situações sociais por meio de suas vestimentas. Naquele momento, era, sim, um instrumento perverso de preconceito contra os menos favorecidos.
Entretanto, atualmente, não existe mais espaço no mundo corporativo, e na sociedade como um todo, para preconceito de nenhuma espécie. Os códigos de vestimenta devem estar conectados às necessidades e aos desejos de cada indivíduo ou grupo. Quando digo isso, é claro que me refiro a questão financeira, racial, de gênero e social de cada profissional.
Todos esses elementos precisam ser pensados e respeitados não só pelas empresas, como por seus gestores e colaboradores, uma vez que eles também constroem a marca de uma companhia e os valores que as corporações desejam transmitir ao mercado. Entender essa dinâmica é fundamental para que todos sejam impactados de maneira positiva.
Voltando à questão do respeito, é importante ressaltar que seguir determinadas orientações, que não sejam discriminatórias, de vestimenta no ambiente de trabalho não é apenas uma questão de respeito ao outro, mas sim a você mesma (o). Afinal, o que está em jogo é a sua imagem, a mensagem que deseja transmitir profissionalmente.
Vamos admitir que ninguém gosta de passar uma imagem negativa, e os códigos de vestimenta precisam ser vistos como nosso aliado. Nunca se esqueçam de que a maneira como nos apresentamos diz muito sobre quem somos, sobre aquilo que queremos transmitir ao outro. Portanto, vestir-se adequadamente em determinados grupos, como o ambiente de trabalho, é uma forma de criar uma atmosfera de respeito para você e para os seus pares.
Muitas vezes somos levadas (os) a questionar a real importância de nos vestirmos dentro de um padrão em determinadas ocasiões. As redes sociais nos levam a pensar que cada um se veste como quer e está tudo certo. Em algumas situações, sim, essa afirmativa é verdadeira. Mas quando o foco é o ambiente de trabalho, sabemos que não é bem assim, não é mesmo?
Profissionalmente não devemos nos esquecer de que a questão não é apenas seguir ou não uma regra de vestimenta. Devemos pensar na forma como desejamos construir a nossa imagem e trajetória dentro de uma empresa. Ignorar a importância de se apresentar adequadamente é um erro que pode, sim, trazer consequências.
A pergunta é: como você deseja ser percebida (o) profissionalmente? Como aquela pessoa que ignora as regras de boa convivência e que não respeita o outro? A chave da questão é equilíbrio. As empresas têm flexibilizado bastante suas regras de vestimenta permitindo que cada um transpareça seu estilo pessoal dentro de um leque de opções.
Com criatividade e bom senso, podemos manter nossa identidade sem deixar de respeitar alguns limites. O que desejo salientar é que construir uma imagem profissional positiva é uma opção de cada profissional. Atender algumas regras de dress code não significa abrir mão de quem você é, de sua essência e muito menos ser subjugada(o).
Cada vez mais as empresas percebem que os códigos de vestimenta devem, sim, estar em acordo com as necessidades da marca. No entanto, não podem ignorar o fato de que seus gestores e colaboradores precisam ser contemplados com um dress code que faça uma junção de valores das duas pontas.
Abaixo algumas sugestões de como usá-lo a seu favor sem que isso anule seu estilo pessoal e a sua identidade.
Autoconfiança – Estar alinhada (o) com as regras de dress code no ambiente profissional pode potencializar sua autoconfiança. Imagine você chegar para uma entrevista de emprego sem saber previamente quais são os códigos de vestimenta de uma empresa. Se perceber que está vestida em total desacordo vai se sentir insegura (o) e preocupada (o) com a impressão que deixará em seu primeiro contato, pois ele pode definir os próximos passos de sua carreira. Lembre-se: a primeira impressão é a que fica.
Perfil da empresa – Conhecer profundamente o perfil da empresa em que você trabalha, ou que pretende ingressar, a (o) ajudará na escolha da sua vestimenta com mais precisão. Determinadas profissões, mesmo com todos os avanços sociais, ainda seguem um código de vestimenta mais formal. Já outras, como profissionais de startups, são bem mais flexíveis. O mais importante em ambos os casos é o bom senso para saber adequar seu estilo pessoal a cada um dos perfis, seja casual, semiformal, formal ou criativo.
Bem-estar coletivo – Poder trabalhar num ambiente acolhedor e que respeite a individualidade de cada indivíduo é um sonho de qualquer profissional. Se você é gestor, colabore com sugestões para que o dress code de sua empresa deixe as pessoas se sentirem confortáveis e sem qualquer espécie de constrangimento por terem que cumprir uma regra de vestimenta. Todas (os) devem se sentir acolhidos e em paz com sua essência.
Imagem pessoal – Independente do dress code de sua empresa, você precisa estar ciente das suas escolhas e da sua composição visual ao se apresentar diariamente no seu ambiente de trabalho. O que nos destaca profissionalmente é o nosso comportamento, a maneira como nos comunicamos e a nossa aparência, não é à toa que esses três pilares são fundamentais para sua imagem. Sabendo como se conectar positivamente a esses pilares, certamente você saberá usar o dress code de sua empresa a seu favor.
Criatividade x Bom Gosto – Mais uma vez reforço que seguir as orientações de dress code não significa abrir mão de sua personalidade. Seja criativa (o) na escolha das cores, modelagens, padronagens e tecidos que estejam alinhados com seu estilo pessoal. Com autoconhecimento essa missão será muito mais fácil de ser executada. Respeite você e o seu ambiente de trabalho.