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Atriz e psicóloga, @taniakhalill nos convida a sair da mesmice e encontrar a alegria de sermos nossa melhor versão

Mudança, andança, na dança…

Entre caixas sendo abertas e coisas sendo transformadas em outras, fica a certeza de que os percursos são muito mais enriquecedores do que as chegadas

Por Tania Khalill
19 Maio 2022, 10h42
mudança
Por enquanto, estou aqui amando a dança e a andança que a mudança nos traz.  (Ketut Subiyanto/Pexels)
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3,2,1…. Já! Perguntas rápidas para respostas que estão na ponta da língua! Se você pudesse escolher algo que deseja mudar em sua vida agora – aquela primeira coisa que te vem à cabeça, qualquer uma – mas que vem de “bate pronto”, sem julgamento: perder os quilinhos extras, deixar de ser tão irritada, julgar menos, não ter insônia, livrar-se de brigas, mudar de emprego, trocar de marido… O que quer que seja, você consegue escolher uma primeira coisa que realmente te incomoda o suficiente para querer mudar? O que seria?

Curiosidade complementar: como “anda” a sua coragem? Pois fato é fato, mudar exige coragem… e muita! Ah, quem dera de vez em quando aparecesse o maravilhoso gênio da lâmpada e levasse-nos embora o que incomoda, abrindo espaço para novas possibilidades! E vou confessar que, às vezes, infantilmente caio nesse conto do vigário que eu mesma me conto (kkkkk) de que as coisas se transformam ou acontecem com praticamente nenhum esforço.

Obviamente, a ilusão “do passe de mágica” leva uma bofetada básica, pois, em qualquer área da vida, transformação sem que haja determinação, trabalho e repetição é praticamente inviável, concorda? Ao passo que o tempo passa, percebo quanto o imediatismo, o desejo de chegar ao ponto final (com o desejo transformado) atravanca, e muito, nossas jornadas e mudanças que desejamos instalar em nossas vidas. Muitas vezes não é possível “cortar caminhos” e as transformações vão se mantendo cada vez mais distantes, ampliando nossa reclamações e nosso vitimismo.

Esse mês vivi uma dessas experiências de mudança que se iniciou com uma mudança mesmo (literal!) de casa, de espaço físico que, à primeira vista, parece ser simples comparada às mudanças de ordem interna, de desenvolvimento pessoal. Mas tomando como verdade essa afirmação (que no universo dos atores é absoluta), “QUEM MUDA FORA, MUDA DENTRO”, observei com olhar atento a imensa oportunidade que mudar de casa me oferecia mais uma vez para jogar fora o que não mais me serve – limpar espaços, desencaixotar verdades, rever perspectivas, limpar sujeiras e mensurar o que cabe nos novos “armários” que me oferecerão novos pontos de vistas para minhas vestimentas.

Óbvio que, repetidamente, me confundi: perdi mil vezes a xícara de café de todo dia que teimava ir programadamente para o armário que já não existe mais, e resolvi rir – rir de mim mesmo – de como nosso cérebro, ao mesmo tempo elástico, tem por natureza amar as coisas sempre iguais; assim gastamos menos energia, mas assim ficamos sempre ali estagnadas… Ai, que chatice a mesmice!

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No meio das risadas, das trapalhadas, dos tantos “abre e fecha caixa”, da tesoura que sumia de lugar a cada caixa aberta, chorei também, arriei exausta querendo deixar para amanhã, para a semana que vem… Mas sem pressa e sem pausa, passei a fita adesiva no padrão procrastinador e segui lembrando que se perder no meio de tantas novas possibilidades é a base da transformação.

Neurologicamente falando, nossa máquina cerebral perfeita reconhece ser praticamente impossível os nossos neurônios começarem a percorrer novos trajetos sem “dar uns brancos”, mas é exatamente o que acontece quando queremos achar o interruptor de luz na escuridão do novo espaço; exige tato, calma e presença até que novos encaixes sejam feitos, novos bons hábitos sejam formados. Por aqui, muitas caixas ainda estão sendo abertas e coisas sendo transformadas em outras no novo espaço, mas ficando, mais uma vez, a certeza de que os percursos são muito mais enriquecedores do que as chegadas. Por enquanto, estou aqui amando a dança e a andança que a mudança nos traz!

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