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Stéphanie Habrich

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Stéphanie Habrich é CEO da editora Magia de Ler, apaixonada pelo mundo da educação e do jornalismo infantojuvenil. Fundadora do Joca, o maior jornal para adolescentes e crianças do Brasil e do TINO Econômico, o único periódico sobre economia e finanças voltado ao público jovem, ela aborda na coluna temas conectados ao empreendedorismo, reflexões sobre inteligência emocional, e assuntos que interligam o contato com as notícias desde a infância e a educação, sempre pensando em como podemos ajudar nossos filhos a serem cidadãos com pensamento crítico.
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Os desafios e as vantagens da IA na sala de aula

Novo livro do pesquisador Charles Fadel mostra que precisamos nos preparar para as transformações que a tecnologia vem provocando no cenário educacional

Por Stéphanie Habrich
29 out 2024, 20h00
Entenda os desafios de usar IA em sala de aula
Entenda os desafios de usar IA em sala de aula  (Freepik/Reprodução)
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Recentemente, esteve no Brasil o pesquisador americano Charles Fadel, fundador e presidente do Center for Curriculum Redesign (CCR), uma organização que busca adaptar o sistema educacional às exigências do século XXI. Ele é uma autoridade reconhecida internacionalmente na área de currículo e educação para o século XXI e há anos vem se dedicando a pesquisas para compreender como as escolas precisam se adaptar às mudanças tecnológicas

Ele está lançando o livro “Educação na Era da Inteligência Artificial”, disponível para download gratuito. A obra aborda as transformações que a inteligência artificial vem provocando no cenário educacional. E me chamou atenção por incluir trechos de consultas feitas à IA sobre diferentes assuntos. Logo no início já há um parágrafo sobre o que o ChatGPT e o Claude acharam sobre o livro (apenas para diversão, claro).

A IA chegou às escolas de forma acelerada – e irreversível – num momento pós-pandemia, em que estudantes e professores ainda buscavam se adaptar ao tal do novo normal (quem lembra desse termo?). Diferentemente de outras tecnologias, a inteligência artificial tem potencial para automatizar não apenas tarefas repetitivas, mas também processos cognitivos complexos, o que traz implicações profundas para o processo de ensino-aprendizagem. 

Charles Fadel alerta que já havia um atraso de 40 anos no sistema educacional. E agora a IA adiciona ainda mais pressão por mudanças. Para ele estamos em um momento crítico e existe o risco de não adaptarmos os sistemas educacionais rápido o suficiente às mudanças tecnológicas. E se a tecnologia não chegar a todos os estudantes e professores, há o risco de aumento da desigualdade na educação.

Entre os riscos apontados estão a dependência excessiva da tecnologia, a perda de habilidades humanas fundamentais, a ampliação de desigualdades educacionais, questões éticas sobre privacidade e uso de dados e a resistência à mudança por parte de educadores.

Charles Fadel é um entusiasta da utilização da IA na educação
Charles Fadel é um entusiasta da utilização da IA na educação (Freepik/Reprodução)

As vantagens da IA na educação

Mesmo alertando para os riscos, Charles Fadel é um entusiasta da utilização da IA na educação. Na sua visão, essa tecnologia permite adaptar o conteúdo e ritmo às necessidades individuais dos estudantes e desenvolver novas habilidades digitais essenciais para o futuro. Além disso, a automação de tarefas administrativas, libera tempo do professor para interações mais significativas.

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Ele apresenta um experimento da Harvard Business School, com consultores utilizando a IA. Os 50% com pior desempenho sem IA melhoraram 43% com IA, enquanto os 50% melhores sem a ajuda tecnológica, melhoraram apenas 17%. Isso sugere que a tecnologia pode ajudar a reduzir lacunas de aprendizagem, desde que haja acesso adequado e capacitação para seu uso.

As duas competências fundamentais que precisam ser desenvolvidas neste contexto são a adaptabilidade e aprendizagem autodirigida. Ele defende que os estudantes devem estar sempre conectados ao mundo físico, especialmente nos anos iniciais. No ensino fundamental é necessário priorizar atividades práticas e manuais, deixando o uso da tecnologia para o ensino médio.

Já os professores vão precisar atualizar constantemente seus conhecimentos, desenvolver novas competências digitais e aprender a mediar o uso da tecnologia, mantendo o foco na dimensão humana do ensino. O maior obstáculo atual não é a falta de conhecimento, mas o medo da tecnologia, que precisa ser superado através da experimentação

“A vigilância é necessária para gerenciar e reduzir os riscos associados a tecnologias como a IA. No entanto, as percepções alimentadas pelo medo impedem o progresso e a inovação. Adotar a tecnologia com um equilíbrio entre cautela e abertura permitirá que a sociedade aproveite seus benefícios enquanto se prepara para seus desafios. Os capítulos a seguir abordarão o que tais mudanças, seus impactos e nossas atitudes em relação a elas significarão especificamente para a Educação em um mundo de IA”, escreveu o pesquisador.

Como em tudo na vida, a chave do sucesso está no equilíbrio. É importante aproveitar o potencial da IA, sem perder o foco no desenvolvimento integral dos estudantes, preparando as novas gerações não apenas para usar a tecnologia, mas para fazê-lo de forma ética, crítica e humanizada.

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Para Fadel, os sistemas educacionais devem ser rapidamente adaptados, sem perder de vista o papel fundamental da escola como espaço de desenvolvimento humano em todas suas dimensões. 

Esse processo exigirá um esforço conjunto de educadores, gestores, famílias e toda sociedade. Será que estamos preparados?

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