Stéphanie Habrich
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O tempo como aliado
Em vez de temê-lo, podemos enxergar o tempo como um mestre que nos ensina a viver com mais autenticidade, liberdade e sabedoria
O tempo sempre foi visto como um inimigo, especialmente para nós mulhere
Mas será que seria possível mudar essa perspectiva e passar a encarar o tempo como um aliado? Este foi o desafio que minha amiga Ana Raia, que é e especialista em comportamento humano, propôs às mulheres que estavam presentes na apresentação de seu curso Ciclo do Poder.
Segundo Ana, uma das maiores vantagens que o tempo nos oferece é a maturidade, clareza e liberdade para viver de forma mais autêntica. “Na juventude, muitas de nós vivemos presas a expectativas externas. Buscamos aprovação, tentamos nos encaixar em padrões impostos e frequentemente ignoramos nossos próprios desejos”, destacou ela. Com o passar dos anos, esse cenário muda. Começamos a compreender melhor quem somos, a distinguir o que realmente importa e a fazer escolhas mais alinhadas com nossos valores. “O que antes era angústia se transforma em sabedoria. O que antes era insegurança dá lugar à confiança”.
Aceitar o tempo como aliado significa reconhecer que cada fase da vida tem sua beleza e seu propósito. É entender que os ciclos se fecham para que novos possam se abrir. Muitas vezes, resistimos às mudanças porque tememos o desconhecido. Agarramo-nos ao passado, às identidades que construímos e aos papéis que desempenhamos, com receio de que qualquer transição signifique perda. No entanto, o tempo não é um ladrão – é um mestre. Ele nos ensina a desapegar do que não nos serve mais e a valorizar aquilo que realmente importa.
Não vou mentir que sinto o peso do tempo. Gostaria de ter mais colágeno e talvez um pouco mais da disposição que tinha anos atrás, mas tenho certeza de que a experiência e o passar dos anos me fez mais bem do que mal. É comum ouvirmos que a idade traz limitações, mas pouco se fala sobre os ganhos que ela proporciona. O tempo nos presenteia com a liberdade de sermos quem realmente somos. Nos ensina a olhar para nossas histórias com orgulho, a nos reconhecermos além das exigências externas e a encontrarmos segurança na nossa própria experiência. Quando paramos de lutar contra o tempo e começamos a fluir com ele, percebemos que, em vez de nos diminuir, ele nos fortalece.
O mundo tenta nos convencer de que há uma idade certa para cada coisa, mas a verdade é que nunca é tarde para recomeçar. O tempo não é um prazo de validade, mas um convite à evolução. Cada dia vivido nos torna mais sábias, mais preparadas e mais corajosas. O que define o rumo da nossa vida não é a idade que temos, mas a forma como escolhemos encarar o tempo: como um fardo ou como uma oportunidade.
Ao longo da vida, experimentamos diferentes versões de nós mesmas. Aos vinte anos, somos movidas pela inquietação e pelo desejo de explorar. Aos trinta, buscamos estabilidade e começamos a consolidar nossos projetos. Aos quarenta, a urgência de sermos verdadeiras conosco cresce. Aos cinquenta, sessenta, setenta ou mais, já não aceitamos desperdícios de energia com aquilo que não nos faz bem. Descobrimos o poder de dizer “não” sem culpa, de nos cercarmos apenas do que faz sentido e de viver sem a necessidade de agradar o tempo todo.
Abraçar o tempo como aliado é aceitar que a melhor fase da nossa vida não é determinada pelos anos que passaram, mas pelo momento em que decidimos vivê-la plenamente. Quando entendemos isso, deixamos de nos preocupar tanto com o relógio e passamos a valorizar o que realmente importa: a nossa história, a nossa força e a nossa capacidade de nos reinventarmos sempre que quisermos.
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