Meu desejo para as mulheres daqui a 59 anos
Assim como aconteceu com Hedy Lamarr, mulheres continuam recebendo negativas sem sentido. Espero que a verdadeira igualdade seja alcançada
Quando fui convidada para escrever este texto, estava terminando de ler a biografia de Hedy Lamarr. Nascida Hedwig Eva Maria Kiesler na Viena de 1914, Hedy fazia parte de uma família de classe média, filha de judeus.
Casou-se com um fabricante austríaco de armas e munições que tinha como cliente o partido Nazista. Alguns anos depois, fugiu de casa e do país, migrando para os Estados Unidos, onde se tornou atriz em Hollywood. Sua beleza serviu como inspiração para Walt Disney criar a Branca de Neve, em 1937.
Durante a Segunda Guerra Mundial, ela desenvolveu, junto ao compositor e inventor George Antheil, um sofisticado aparelho de interferência em rádio para despistar radares nazistas, patenteado em 1940 sob seu nome de nascimento.
Dois anos depois, a dupla submeteu o método ao Departamento de Guerra dos EUA, que recusou a invenção. Argumento oficial? Parecia complicado demais. A verdade? Segundo historiadores, o fato de ter sido ideia de uma mulher.
O projeto ficou “na gaveta” até 1962, quando, vencida a patente, passou a ser usado por tropas dos EUA em Cuba. E não foi creditado à Hedy até 1997. A invenção é simplesmente a tecnologia que serviu de base para a criação de telefones celulares e para as tecnologias de bluetooth e Wi-Fi.
Fico imaginando se o curso da guerra seria alterado caso Hedy tivesse sido reconhecida por sua mente brilhante – e não somente pelo rosto bonito. Décadas se passaram e as negativas que recebemos, como mulheres, seguem existindo. Espero, de todo coração, que em 59 anos a verdadeira igualdade seja alcançada.