Sempre tive cachorros. Meus pais sempre gostaram e tiveram muitos. Uns eram treinados para ajudar na segurança da casa, outros conviviam conosco. Quando casei e formei minha família, quis fazer o mesmo. Não lembro de nenhum período da minha vida sem um cãozinho por perto. Hoje temos três: o Max, a Lulie e o Simba. Tê-los em casa faz um bem danado a todos nós. A conexão é muito profunda.
Os três nos entendem mais do que podemos imaginar. Só para dar um exemplo do que estou falando, em um dos momentos mais tristes da minha, quando enfrentava um divórcio, era comum eu estar sentada na poltrona e eles virem se deitar com a cabeça no meu coração. A seu modo, tentavam me confortar. E realmente conseguiam.
Não tenho dúvida de que o processo teria sido muito mais doloroso sem eles por perto. O que sinto empiricamente é comprovado por estudos. Conversei com o psicólogo André Zonta, que me apresentou um estudo feito pela Human Animal Bond Research Institute (HABRI) com 2.000 pessoas que cuidavam de animais de estimação. Nele, 74% dos entrevistados relataram uma melhora na saúde mental em decorrência da relação com seu animal de estimação, e 75% falaram da melhora da saúde mental de um amigo ou familiar devido à presença de um pet.
“É comprovado que ter um pet reduz sintomas como ansiedade, estresse, depressão, pois o bichinho auxilia a pessoa a desenvolver habilidades que ajudam a passar por um momento difícil”, diz Zonta. Por isso, sempre que posso e sinto abertura, estimulo as pessoas a adotar um bicho de estimação. Ainda que deem trabalho, sujem a casa e possam destruir alguns objetos, os benefícios são infinitamente maiores.
Uma vez ouvi isso de um amigo. Ele sempre relutou em ter um pet. Pensava no trabalho que ia dar, nas obrigações que teria de assumir e sempre dizia não aos pedidos da esposa. Foi assim até que ela adotasse dois cãezinhos a sua revelia. Com os cachorros em casa, houve uma objeção inicial, que durou pouco. E, supreendentemente, há algum tempo ouvi dele a seguinte frase: “Se soubesse que era tão bom teria tido antes”. Hoje eles têm dois cachorros e três gatos.
“Conforme vai lidando com o pet, você começa a desenvolver uma sensação de bem-estar por causa dos hormônios que entram em ação no ato de cuidar. É uma vida para a qual você tem que direcionar a atenção”, explica Zonta. Até novas relações podem ser cultivadas com a presença de um animal de estimação. “Uma pessoa mais tímida pode desenvolver a habilidade de se comunicar com outras pessoas que têm pets”, afirma o psicólogo.
Mas, mesmo recomendando, sei que a decisão por ter um bicho de estimação é muito pessoal e deve ser pensada com cuidado e responsabilidade. Afinal, vai dar trabalho e gastos com banho, comida e veterinário. A dica que Zonta dá para quem quer começar a pensar nessa possibilidade é aumentar o contato com pessoas que tenham pets. “Sugiro que frequente lugares onde há animais, como parques e praças, e converse com os tutores. Isso ajudará a entender qual pet vai se adaptar melhor à sua realidade”, conclui Zonta.