Fazer o que gosta ou gostar do que faz? Essa é uma pergunta que as pessoas da minha geração não costumavam fazer. O que norteava nossas decisões era a possibilidade de emprego ou salários mais altos.
Com o passar do tempo, essa pergunta passou a ser mais ouvida no mundo corporativo. Mais pessoas passaram a buscar essa resposta. Mudaram de emprego e até de vida em busca da realização, cada um a seu modo.
Mas será que existe um atalho, um caminho mais certeiro para encontrarmos nosso propósito? Fiz essa pergunta ao terapeuta ayurvédico Joaquim Cristóvão Oliveira. O que ele me falou foi impactante. Na sua visão, o nosso propósito não tem nada a ver com o fazer externo. “Todos nós nascemos destinados a um único propósito: ser feliz”, disse.
Segundo ele, dentro da filosofia ayurvédica se aprende que perseguir o que se gosta é um grande equívoco, porque as pessoas mudam constantemente e passam a ter um novo desejo, um novo jeito de pensar a cada minuto.
Sendo assim, o melhor a fazer é buscar gostar do que fazemos. Não no sentido de dizer ‘nossa, esse é o sonho da minha vida’, mas com a consciência de que o que estamos fazendo é a nossa ocupação naquele momento e, se fizermos com carinho, com amor, com entrega, vamos nos realizar naquele instante.
“A busca sempre é da pele para dentro. Quanto mais buscamos externamente aquilo que gostamos, mais distantes ficamos da realização interna”, diz. O terapeuta acredita que o nosso trabalho precisa ser uma extensão de nós mesmos, do que acreditamos e do que queremos compartilhar com o mundo.
Realização: por onde começar
Para conseguirmos nos realizar, o primeiro passo é sair do lugar da insatisfação. “As pessoas projetam muita coisa, elas imaginam que vão ser mais felizes e vão estar melhor se elas estiverem fazendo ou tendo isso ou aquilo, o que não é verdade. A resposta está sempre dentro de nós. Nos sentimos sem rumo e sem propósito quando estamos distantes de nós. Não tem nada a ver com o que você está fazendo, tem a ver com o que você está ‘sendo’”, diz.
Por isso, quando estivermos realizando qualquer tarefa, precisamos fazê-la pensando na contribuição que estamos dando para o mundo, para a família ou para o ambiente, para que aquele lugar seja melhor. Precisamos compartilhar nosso melhor sempre.
Depois de ouvi-lo e analisar o que aconteceu comigo, creio que foi exatamente assim: foi olhando para dentro que encontrei meu caminho.
Quando concluí o curso de administração de empresas na Fundação Getúlio Vargas, estar em uma grande empresa, galgar posições até chegar ao topo, parecia um caminho natural. Foi assim que fui tocando minhas escolhas profissionais e cheguei no mercado financeiro, trabalhando em um banco, em Nova York.
Tinha uma vida confortável, um bom salário, morava num lugar que gostava, mas ainda assim parecia que me faltava algo. Sem conseguir decifrar o que era essa falta, caí em depressão.
Foi aí que comecei um mergulho interno, para me conhecer melhor, entender meus medos, reconhecer minhas fraquezas e fazer bom uso dos meus pontos fortes.
Essa jornada de autoconhecimento me levou a criar a Magia de Ler, editora que hoje produz os jornais Joca e TINO Econômico, para crianças e adolescentes. A empresa é uma extensão de mim mesma. Representa tudo que acredito e me estimula a sempre querer oferecer o meu melhor para o mundo.
Sou privilegiada por ter encontrado esse caminho. Não foi uma busca fácil. Errei muito, mas me levantei mais forte depois de cada tropeço e sigo entusiasmada para seguir realizando.
Se você também estiver em busca da sua realização, já sabe, o caminho correto é o que te leva para o lado de dentro.