Um balé. Mãos deslizam com ternura, olhares penetram com intensidade, corpos que se encontram e desencontram sem pressa alguma. O suor, o cheiro, as texturas. Uma pausa para respirar lentamente. As nuances da luz que entra pela janela anunciam a passagem do tempo, que agora pouco importa. Somos apenas esse exato momento e mais nada.
Carinho, carícias, acalanto, ciranda, afeto. Mas o que eu chamo de sexo com carinho, virou chacota nas redes sociais. O “soca fofo” tá fora de moda e eu também devo estar. Bom mesmo é o sexo forte. Quem sou eu para julgar? Práticas sexuais são práticas sexuais, desejo é desejo e preferências são preferências. Mas me preocupa a limitação de repertório e uma nova modalidade de mecanização das relações sexuais.
Se antes copiávamos o que era exibido nos filmes pornográficos, hoje nos pautamos nessa conversa superficial dos vídeos curtos empilhados no feed. E, de repente, parece que a única forma possível de ser “boa de cama” é implorar por um soco na costela. Mas, cá entre nós, não é assim que a banda toca.
Entre quatro paredes, vale tudo. Desde que haja respeito e consentimento expresso. Se todos estão na mesma página, o importante mesmo é aproveitar o momento e se entregar ao prazer. O “soca firme” é válido e pode ser mesmo incrível. Mas o soca fofo tem seu lugar de prestígio no meu coração.
Tem coisa mais gostosa que conectar-se com a sua parceria, sentir cada pedacinho do seu corpo, tocar com delicadeza e ser tocada assim também? Dizer e escutar “eu te amo” no meio do sexo deve estar entre as cinco coisas mais excitantes no meu ranking pessoal de práticas eróticas. Uma transa sem dor, sem grandes performances, sem preocupação com papéis e devagarinho. Ah, tudo isso é insubstituível aqui em casa.
Mas, longe de limitar o sexo ao amorzinho de fim de tarde, que possamos nos deleitar com as múltiplas possibilidades nas nossas relações. Feliz e deliciosa semana do sexo para todas nós!