Há uma semana, o burburinho que circulava por aí, desde 2019, deixou de ser apenas um boato para fazer quem gosta de Prada suspirar. Na época, a ideia da marca italiana lançar suas linhas de maquiagem e skincare já era um sonho para os fãs do seu estilo moderno, clássico e excêntrico. A transição de grupos, da Puig para a L’Oréal, de uma maneira discreta, também foi um indício de que algo estava acontecendo.
A empresa francesa já é tradicionalmente conhecida por dar continuidade ao segmento de beleza de diversas grifes de moda. Entre elas, a Armani Beauty, que entrega elegância nas embalagens e altíssima performance no skincare. Um tanto coerente com os seus valores e DNA. Com a Prada, não seria diferente.
Mas, assim como qualquer segmento que sofreu por conta da pandemia de Covid-19, o plano de expansão seguiu como fofoca – até surgirem as primeiras embalagens dos batons, paletas de sombras e bases. E essa pausa dada há cerca de três anos também indicou um novo norte. Afinal, quando o papo surgiu, Miuccia Prada era o único nome à frente da direção criativa – e o lado minimalista do seu companheiro de ateliê, Raf Simons, deu o tom ao que nos fez suspirar na semana passada.
Entrar para o mercado da beleza, tendo uma bagagem de moda, não é apenas levar seu logo para as prateleiras da Sephora. E a Dolce & Gabbana nos ensinou isso há mais de oito anos. Antes de entrar para o grupo da Shiseido, a etiqueta italiana se aventurou a desenvolver seus próprios produtos sem o apoio (na verdade, expertise) de uma empresa que entende do assunto. O resultado? Senti, literalmente, na pele. Lembro de, assim que lançada a primeira linha de batons, comprar a coleção inteira na versão mate. Eu estava em Milão, durante uma temporada de moda, e era frio, muito frio. Usei duas vezes um dos batons (na época, era tendência a cor marsala) e, em questão de dias, meus lábios estavam completamente machucados.
Ao longo dos anos, a marca entendeu a série de reclamações que vieram de produtos mal formulados e investiu na mudança para, realmente, ser algo sério. E a Prada, que faz movimentos lentos para outras áreas que não seja a moda, sabe disso. No caso, a L’Oréal já é expert em acabamento fosco e, se a Sra. Prada decidiu homenagear o seu primeiro desfile, de Inverno 1988, com os tons de nude mate para o Monochrome Hyper Matte Durable Weightless Lipcolor, é altamente confiável – e carrega o efeito do couro Saffiano (das bolsas e outros acessórios da label) na sua textura.
Assim como as paletas coloridas de sombra Prada Dimensions, que tiveram suas tonalidades pinçadas das 27 mil amostras de tecido do seu arquivo (muito vem das estampas clássicas da estética art déco de Miuccia). O shape escolhido para levar o triângulo do logo da Prada é outro destaque que faz as cores vibrarem dentro de seus estojos metalizados.
Ainda sobre cores, mas, também sobre pele, a linha de bases tem cobertura fosca e fórmula com ingredientes de skincare – entre niacinamida e probióticos. Para chegar às 33 opções de tonalidades da Prada Reveal Skin Optimizing Foundation foi usada a tecnologia de IA, usando um algoritmo de 3 mil tons de pele.
Entretanto, se for para criar maquiagem sem dar atenção à rotina de limpeza e hidratação, não é coerente, vindo da Sra. Prada. Os três produtos, cada um com seus respectivos refis, da série Augmented, são classificados em: Skin Cleanser, o Face Cream e Sérum. O lipbalm, no seu tom verde “paredes da Pasticceria Marchesi”, é outro possível hit com seu tom universal. As embalagens futuristas, que combinam prata e dourado, são um upgrade na nécessaire. Aliás, neste caso, a nécessaire preta e icônica é feita em nylon reciclado (conhecidíssimo como re-nylon). Ok, os pincéis são um caso de amor também. Bom, na Prada, o que não é caso de amor, certo?