Dia desses, minha filha me contou uma história que aconteceu na sua sala, sobre como uma menina estava sendo metida e se achava muito melhor do que as outras e que ela não entendia muito bem o porquê desse comportamento, afinal, elas são só meninas.
Essa conversa rendeu horas de trocas, partilhas e lembranças e, ao me deitar, essa história ainda ressoava dentro de mim, em especial a de quantas vezes, eu, na minha ignorância e busca por pertencimento e lugar, já fui soberba com o conhecimento que carrego na alma. O quanto já fui arrogante, achando que meu saber era especial demais para todas as pessoas, uma metideza, sabe, e isso foi deixando a bagagem da alma pesada.
E foi nesse relembrar que um conto antigo saltou no meu coração e eu quero partilhar com você a forma como eu o recordo.
Numa certa noite, em um certo oceano, um navio importantíssimo da marinha americana cruzava a noite silenciosa, quando um dos marinheiros correu para chamar o capitão, pois havia visto uma luz a uns 30 metros a frente bem na linha de passagem deles.
O capitão rapidamente mandou o marinheiro pegar o rádio e enviar uma mensagem direta ao outro navio para que eles mudassem seu curso e saíssem da frente e, ao receber a mensagem, a pessoa do outro lado pediu que eles mudassem o curso e saíssem da frente.
O capitão, neste momento, pegou o rádio e disse que aquele navio era o mais condecorado, importante, caro, brilhante, bonito, extraordinário, único de sua linhagem e que era para eles mudarem o curso e sairem da frente.
Em resposta, o homem do outro lado disse que ficava extremamente feliz de poder ver um navio como aquele e que acreditava em tudo isso, mas que ele falava de um farol, então que era urgente a mudança de curso.
Essa pequena história nos diz de algo simples e direto, do quanto se agarrar a um mero status pode ser totalmente destrutivo logo ali na frente e do quanto a soberba e a arrogância podem nos cegar.
A vida vai nos pedir sempre um ajuste de humildade, de colocarmos os pés no chão e entendermos que ao longo da jornada cruzaremos com um ou dois ou três faróis e que serão eles que nos lembrarão de coisas simples, como não é o tamanho do seu navio ou a riqueza que há nele que o faz mais importante do que tudo. A verdade é que o que mais importa é a direção que você pega e com qual leveza você cruza os momento da sua vida. Os faróis do seu caminho vão te lembrar da importância de recalcular a rota e de deixar um pouco do peso da alma, para seguir com mais segurança e amorosidade.
Então fica aqui o meu convite para as águas de março: que você navegue com humildade e que a cada luz que cruzar seu caminho, você se torne mais leve e mais fluída, afinal, você, assim como eu, merece atravessar oceanos internos e externos, sem precisar se perder no especialismo do dia a dia.