Eu chuto que a idade dos 30 é o começo da preparação para o conforto. É o início da construção de uma casa e uma família. É quando você pensa em estacionar. Assim, vamos levando…Ou ao menos era o que eu achava até junho deste ano.
Agora que estamos nos conhecendo — prazer, Martchela —, preciso te contar que fiquei sem gozar com um parceiro dos 25 aos 34 anos. Nesse período, procurei terapia, tantra, ajuda espiritual, mas nada funcionou.
Acostumei. Um dia, “voltei ao normal”. Havia os que eu gozava, outros em que não. E tudo bem — veja, não era para estar tudo bem, mas dizem que o ser humano é o animal com a maior capacidade de adaptação, então me adaptei (horrível, não recomendo).
Até que, aos 35 anos, fui arrebatada pelo meu primeiro amor. O mais brega-cafona-entregue-disposto. De repente, estávamos fazendo loucuras, desde cartas de amor até sexo na balada eletrônica.
Perceba, eu não gozava e, de repente, estava transando o dia inteiro, sem pausas e gozando sempre juntos (primeira vez para mim). O cansaço nos invadia, mas o desejo era sempre maior.
Eu me vi tendo meu primeiro squirting (ejaculação feminina) com ele. Aquilo me surpreendeu de diversas maneiras. E não demorou muito para acontecer de novo, e de novo.
Ele também foi tocado como nunca antes, experimentado posições, exposições e até enviou seus primeiros nudes. Pois é, na era digital, também fiquei chocada (sou fã de nudes).
A essa altura, pensei que já teria conhecido muitos caminhos, mas a vida nos presenteou com sentimentos avassaladores. Amor? Química? Paixão? Karma? Tudo junto? Acredito nas hipóteses, acredito mais ainda no poder da vida.
Nos aventuramos no sexo por telefone (primeira vez de ambos), fui ao motel (minha primeira vez). No meio disso, sentíamos paz. Dessas que ouvia em músicas e poemas, mas nunca imaginei sentir.
Uma sensação também de primeira vez. Aconchego. Êxtase. Risadas. Descobri como era se relacionar com o outro e poder fluir; se sentir amada; ser devorada com desejo. Gozar, gozar, gozar (obrigada, universo!); e querer.
Como a gente se deixa acostumar com o morno? Como perdemos a fé em nós mesmos? Como o corpo ainda pode nos maravilhar? Sei que ainda sou nova, mas confesso que achei já ter as respostas — a vida é sacana.
Tatear e reaprender é, ao mesmo tempo, assustador e bonito. É uma delícia se surpreender consigo mesma, com o outro, com tudo que pode chegar até você. Sensação de respirar depois da onda. É sentir-se viva.
Tudo pode mudar de uma hora para outra, e não se assuste se for positivamente. Merecemos!
A gente se esquece que pode ser muito feliz, mas não deveria. Que esse seja seu lembrete, nós vamos nos fascinar. Ainda bem.