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Kika Gama Lobo

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Focada na maturidade como plataforma pessoal, a jornalista Kika Gama Lobo escreve sobre as sensações e barreiras que as mulheres 50+ vivenciam
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Vai ter Réveillon?

"Chutaram o balde do isolamento e não estão nem tchuns pra cepa sul-africana", escreve Kika Gama Lobo

Por Kika Gama Lobo
1 dez 2021, 13h34
reveillon
 (Wagner Meier/Getty Images)
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Cariocas não gostam de dias nublados mas estão animadíssimos com o Réveillon. Chutaram o balde do isolamento e não estão nem tchuns pra cepa sul-africana. Não sei se é porque o Cristo Redentor mora aqui; se pelo fato do Bolsonaro coabitar na Barra da Tijuca ou porque aqui é a terra sem lei mesmo.

Sou da gema, 100% produto local e como 50+ dá um certo medinho. Já tomei até a terceira dose, a picada da influenza e se tiver mais o que colocar pra dentro do braço, me chama. É claro que eu quero ver a pujança econômica voltar ao meu Rio de Janeiro e, talvez pelo fato de estar trabalhando presencialmente desde fevereiro deste ano que eu esteja assim-assim com minha opinião raiz.

Tem horas que acho ótimo os palcos, fogos, todos de branco, as flores para Iemanjá, os obas e olás e tintins na virada. Por outro, penso que adiar tudo até março, seria mais prudente afinal teríamos dois anos completos de reflexão deste vírus sem cheiro, sem cor, sem cara. Nem nacionalidade. Dizem que começou na China, mas foi tão avassalador em sua contaminação que se tornou uma espécie de vírus-Onu. Pertence à humanidade.

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Mas aqui em Ipanema, de onde escrevo, estamos nessa de montar árvore, fazer lista de presentes e pensar nos quitutes. Tem horas que damos uma acelerada e outras, vem aquele banzo de lembrar que em 2020 passamos a véspera do dia 25 na churrascaria. Sim, acreditem ou não, fui eu, minha mãe e minhas filhas comer churrasco no Natal. Reservamos achando que seríamos as únicas presentes nesta ceia anticristo, mas chegando lá, um mundaréu de gente querendo fazer diferente. Gostei. Não lavamos um prato, não trocamos presentes, não vimos árvore montada e seguimos como se estivéssemos em Dubai, estranhas no ninho.

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E nesse ano que passou voando, ainda entre cemitérios e missas de sétimo dia, lambuzando a mão de álcool e sufocando com máscaras duplas, chegamos aqui. Meio sem jeito, meio sem etiqueta, meio sem saber com que roupa vamos. Mas continuo achando que o mais importante é sempre lutar pela vida. Todos os dias em que eu acordo é Réveillon. A pandemia nos legou o valor à vida. Isso é o melhor presente de todos.

 

 

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