Dedicar boa parte do seu tempo ao outro é raro. Alega-se tudo. Correria, pressão, lonjura, esquecimento…mas chega um dia que urge cuidarmos de alguém. Um filho operado, um amigo doente, um vizinho assustado, um mendigo agonizando. Não falo somente em parentesco, laços de sangue. Falo de humanidade.
Esse espírito de pertencimento, esse amálgama de carne e osso, essa vontade de abraçar seu afim e dizer “eu estou aqui”. A mais fria das criaturas, pode, em algum momento da vida, sentir esse chamado. Os mais velhos estão ainda mais expostos a esses surtos do bem, sobretudo aqueles entre 55 e 75 anos – com amigos começando a desabar financeiramente e em termos de saúde.
Vejo tantos casos assim. Gente que não se organizou para passar a maturidade melhor e pena. Pena para tudo. Comer, se cuidar, ter uma saúde mental razoável, bem como seguir se cuidando. Plano de saúde pela hora da morte (que ironia) e um caminhar trêmulo para o fim. Mas sabe que vale a pena cuidar do outro? Somos aqueles que amamos. Quase um ranking, um termômetro positivo, uma nova substância venosa que entra em nossa corrente sanguínea e nos faz bem. Muito bem.