Convivo com um tipo de criatura que ainda está no início do século XIX mesmo em meio a 2023. Mulheres “sinhás” ainda tratam parte da humanidade como estando a seu serviço. Herança de um Brasil colonial, escravagista e desigual. Nojo.
Recentemente tive uma experiência com uma amiga que foi rebaixada por sua cliente que a contratou para fazer um trabalho de comunicação. Ligações noturnas; milhões de áudios com jeito de podcast; misoginia entre mulheres e por mulheres. Estranho, né? Mas muito mais comum do que imaginamos.
Gente que gosta de dar ordens e acha que todos estão ao seu dispor. 24 horas. É uma encenação da nostalgia racista – mesmo entre brancos. Minha amiga é branca e sua algoz, idem. Violências permitidas que mantêm essa gangorra classista.
É claro que o poder econômico fala mais alto pois esse bordão Lady Kate “tô pagando” parece um salvo conduto vitalício para o subjugo.
“Pode ser difícil pra quem fala e, sobretudo, para quem ouve. Mas aviso: o tronco moderno só existe na cabeça da hipócrita, babaca e sem noção.”
Kika Gama Lobo
Graças a Deus essas atitudes estão sendo cada vez mais patrulhadas mas levo você, querida(o) leitora(or), a fazer uma reflexão e listar – mentalmente – aquela tiazinha, vizinha, patroa, pessoa que parou no tempo. Vale até dar um toque.
No fim das conta você estará dando um presente para essa branca racista que – além da minha amiga – deve violentar babás, serventes, empregadas domésticas e um rol de profissionais que nasceram para servir. E se a pessoa em questão for preta, aí, já sabemos a potência do horror.
Só quero insistir aqui que essa cena que eu presenciei foi entre duas mulheres maduras, economicamente viáveis e brancas. Ambas.
Tristes trópicos!