Gostei da expressão. Na maturidade, ela ganha contornos melancólicos, mas também um gás para nos jogarmos em situações nas quais estamos procrastinando. Quando você vai fazer aquela tattoo? Quando vai para a Capadócia andar de balão? Tirar o silicone que te incomoda? Fazer a doação daquele imóvel para seus filhos? São tantas as urgências. Cosméticas, financeiras, telúricas.
A idade madura é um chamamento, uma premência, e isso causa maremoto, mas também apazigua. Digo isso pois se não for agora, será quando? Esse finito na nossa frente urge muitas ações. O que não pode fazer é ficar abestada, parada. A vida é movimento e, nos “enta”, aguenta e enfrenta, né. Vai ficar enrolando que nem baseado velho? Vai ficar achando que o depois te ajudará? O depois pode não chegar nunca mais. E é essa certeza do fim da linha que nos impulsiona.
A amiga me ligou ontem borocoxô com a invasão da Ucrânia, emendou na tragédia de Petrópolis e seu muitos mortos e, de quebra, me contou as sequelas de um Covid-19 longo. Afastei até o fone do meu ouvido e coloquei no mudo. Quando recuperei meu fôlego, dei logo uma de cartomante barata. “Cris, seja egoísta e não pense em nada que seja externo. Volte para si. Inspira e não pira senão a conta do analista + antidepressivos + meditação guiada será pior. Lembra que na maturidade os boletos sempre vencem e eles são altos. Plano de saúde, farmácia, fisioterapia, medico disso, médico daquilo. Para. O futuro é hoje. Não tenha saudades de nada. Invista em seu querer e realize. É o melhor boost que eu conheço.”
Desliguei e aproveitei para fazer a minha lista de quereres. É longa. Tomara que Cronos esteja ao meu lado. Sempre.