Já voltaram a algum lugar em que frequentaram na infância ou juventude? Não parecia tudo maior? A sala, quartos. E o corredor não era imenso? Tudo acanhado, há um acerto de contas com a memória daquele passado. Renivelados, uma coisa ainda chama a atenção. Aquele quadro. Sim, esteve sempre ali, mas não era assim tão lindo. Como eu nunca percebi?
Tem destas coisas voltar no tempo. Não sabemos muito bem com que olhos estávamos vendo. Da proteção? Do medo? Do julgamento? Voltando a esse lugar sinto tantas coisas… até o cheiro do strogonoff e da batata frita – fresquíssimas – no fogão da Dó (saudosa Dona Maria). Lembro de tantas falas, festas, filmes, bate papos nesta sala.
E quando Papai deitava no chão pra soneca? E o cafezinho com bolinho no meio da tarde. Quando contei que estava grávida do Miguel. Quando me masturbei sozinha no sofá. Fiz contas naquela mesa para ver se dava para fugir de casa. E hoje, olhando aquele quadro na parede, voltou tudo. Obrigada por esse desbunde de lembranças. Opioide dos melhores e sem efeito colateral, a não ser a saudade.
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