Tanto se fala em sustentabilidade e penso na mulher madura. É como se fôssemos a raiz do novo, aquele ser dinossauro que explica o porvir. Dentro de mim tenho várias Janes que tentam valorizar em mim o que é antigo, maduro, sênior e isso sem a ajuda do Tarzan. Minha vida tem sido um eterno cuidar do meu meio ambiente, seja dentro da caixola ou tipo cara a cara. Preciso de muito adubo pra seguir em frente e a água limpa, o terreno fértil, a luz do sol são ingredientes com os quais eu preciso estar sempre em sintonia. Mas e as minhas queimadas? E quando tudo vira pó? Oscilo entre acreditar que novas gerações chegarão melhores porque eu estava soprando pra elas quando tudo era mato. E de mato eu entendo. Sou nascida meio Jura Marruá e no meu cercadinho estou querendo injetar sementes melhores. O que eu venho fazendo para isso? Eu falo. Eu escrevo. Eu indago. Eu provoco. Tipo celacanto provoca maremoto e esse aguaceiro é meu dom. Uns reclamam que pareço uma tagarela ( fraude?) ou que sou metida (ego puro) mas juro que já venci essas etapas. Busco a mim. Se a crítica fosse egoísmo, talvez aceitasse mas me coloco no centro da vida – cobaia mesmo – para devolver para outras mulheres maduras – o meu dever de casa feito. Não sei se ganharia 10 mas não paro. Há em mim um vício em ajudar as cinquentonas pelo meu viés. Não me julguem. Juro que quero ser semente boa para que o oxigênio que as novas árvores vão produzir sejam mais naturais. Vai por mim. Em tempos de falta de ar, sou uma espécie de respirador portátil. Pretensiosa, eu?