Meu cio é meu
Não sinto falta de menstruar, mas tenho pensado no cio como expressão de sede. Sede de sexo, de sentir e vontade de gozar a vida
Esse título não é meu. Roubei de uma conhecida do Instagram, a Leila Loureiro. Ela escreveu – pelo que entendi – um livro em cinco partes… começa pela morte e termina na infância e, no meio disso, muito erotismo. Mas quis usar esse título para falar de um cio que eu não tenho mais.
Muitas mulheres maduras que retiram o útero – por prevenção, miomatose ou câncer, como foi meu caso – falam da despedida da menstruação. Mesmo odiando aquele sangue entre as pernas mês a mês – por vezes são mais de 40 anos de absorvente higiênico, OB, toalhinha ou coletor menstrual – elas lamentam a falta do sangue. Sangue da juventude, da fertilização, da possibilidade de conceber. Sangue que mostra a potência da mulher.
Eu juro que nunca mais senti falta alguma. Já vivo sem menstruar há quase 10 anos e adoro, mas tenho pensado no cio como expressão de sede. Sede de sexo, de foda, de transa, de sentir. Gozar a vida. Gozar com meu pau sem precisar da pica alheia. Também não estou falando de masturbação. Refiro-me a um gozo maior.
Quando eu, pela primeira vez em quase quatro anos sem beijar na boca, transei com meu atual marido (o segundo), eu me comi. Acho que entrei no maior desbunde do sentir. A gente foi a um parque conversar, depois batemos longos papos ao telefone e eu já uivava de vontade de acasalar na cama. Mas sei lá, demorou pra rolar. Quando rolou, ele era ali apenas um vetor. Eu estava extasiada comigo. Pronta para novas emoções. E juro que vivi muitas.
Hoje, já acostumada a esse despertar inicial, preparo para me despedir dessa fase. Quero uma nova. Quero sangrar. Não mais de dor, de lamentos, de mesmice. Mas de esperança em me amar mais, me acarinhar mais, me perdoar todos os dias. Sabe, menos foda e mais carinho. Eu e eu nos lençóis da vida. Menos suores e mais inspiração numa transa eterna comigo. Acho que agora o cio é meu. Só meu.