Desde que Marielle foi executada, penso menos no singular. Tudo é coletivo. O nós faz cada vez mais sentido. E –cinquentona– procuro minha alma libertária.
Na PUC, eu era rata de DCI. Inflamada, ruborizada, militava contra russos, americanos e aquele déjà vu que se provou mega demodê. Veio Cuba, veio Che, vieram tantos ídolos –hoje marketizados pelo consumo ou apagados pelo tempo. Aliás, o tempo passou.
Vi atrocidades regionais e mundiais. Morar no Rio então é uma Síria-balneário. Aqui se mata e depois vamos à la playa com a maior leveza.
Mas Marielle pesou. Talvez pela brutalidade, talvez por não terem sido bandidos famintos e cracudos, talvez por ter sido morta por ser uma voz.
Talvez, talvez, talvez… E voltei ao meu umbigo e me senti um nada. Eu correndo para lá e para cá atrás do vil metal para manter minhas filhas, preocupada com a Páscoa, o Natal, se conseguirei reduzir medidas até o meu aniversário (sou de agosto), e a morte dela veio me acordar deste cotidiano.
Vai ficar calada, mulherada? Acho que não. Tem sido bonito esse eco uníssono, essa verve vibrante. Que Marielle seja o sangue derramado que se transforme em um Sudário em nossas faces.
Eu acordei! Presente!