No Rio, já é Carnaval. Dos piores. Água podre, cheiro de mijo, assaltos por todo lado, mas quem se importa? O carioca se acostumou ao ruim. Acha blasé lutar por uma cidade melhor, então vai empurrando do jeito que dá. Esbarra num mendigo aqui, tropeça numa sujeira ali, enfia o pé na lama das chuvas torrenciais, mas tudo bem.
Tá sol? O calor queima a consciência e torra toda a vocação cívica. Mas pra quem tem o combo Witzel-Crivella só fritando os miolos, afinal, não temos mais a Niemeyer; os metrôs estão limitando número de passageiros; há crateras em muitas vias e muitas praias poluídas. Os bêbados, então, vão de 15 a 100 anos numa longevidade etílica que não se mede. A cerveja no Rio é água benta e bebum é celebrado como herói. Ninguém fiscaliza nada, então bora beber.
No próximo fim de semana, auge da folia de Momo serão 100 blocos (eu disse C-E-M) espalhados pela cidade + os desfiles da Sapucaí + os bailes privados + os “esquentas” particulares. Resultado: um hino à impureza de corpos e mentes numa dança que fará o acasalamento do ruim com o horrível, mas pra não me taxarem de Meméia Recalcada, coloquemos nosso biquíni enfiado na bunda purpurinada, a plaquinha de #naoénao e bora esquecer desse texto lamurioso, afinal, a cidade é maravilhosa. A lalaô Oôô Oôô!