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Kika Gama Lobo

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Focada na maturidade como plataforma pessoal, a jornalista Kika Gama Lobo escreve sobre as sensações e barreiras que as mulheres 50+ vivenciam

Enlutados

Não quero vida e morte sentadas lado a lado, sem diálogo

Por Kika Gama Lobo Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
1 nov 2023, 10h00 •
Urge sermos mais gentis, e lidar melhor com o nosso próprio luto.  (卡晨/Unsplash)
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  • Estranha sensação… A vida precisa continuar, mas a guerra em 4K não deixa. Pessoas degoladas, maldades mis, atrocidades jamais imaginadas. Faz como? Já achava a guerra da Ucrânia um grande incômodo para o meu cotidiano banal do trabalho para casa, casa para o trabalho. Mas ver essa enxurrada de violência como película macabra no Netflix, só que em tempo real, bisada mil vezes no meu insta, “guento” não.

    Mas tem uma pergunta no ar: como seguimos? Vai ser longa? Vai se espalhar pelo ocidente? Vai vira Fla-Flu em mesa de bar com os cagadores de regras e comentaristas do mal prontos para violentar nossos ouvidos? “Dô” conta não. Está estranho ver a estrela de David carimbada na frente da casa dos judeus. Lá longe? Não, amigos leitores… aqui mesmo, no Rio.

    Eu que sou a favor dos israelenses e dos palestinos do bem não estou suportando esse luto alheio. Aliás, nem temos mais tempo de enlutar. Tudo tão veloz. Antes vestia-se preto, guardava-se uma semana sem sair de casa e aceitar convites sociais só após um mês, normalmente findo uma reunião de familiares, resolvidas as papeladas burocráticas e celebrada a missa de 7 dia.

    Agora não. Estamos dando os pêsames pelo DM do celular, tirando selfie com caixão e, quando muito, um telefonema. Abraços, choro e vela? Não tem mais… Antes a gente processava a dor. Hoje ela vaza por algum poro, mas com certeza vai dar as caras novamente em algum momento. E quando ela aparecer, vai doer. Muito.

    Mas para isso também tem Rivotril, mergulho no self, constelação familiar ou qualquer prática que faça a gente se acostuma à perda. Tudo lá atrás parecia mais real. Me lembro que cheguei a pegar enterro em casa, com defunto na sala, amigos entrando e saindo, licor e biscoitinhos. A (o) viúva (o) e filhos sentados ao redor do (a) falecido (a) e um clima almodovariano na despedida.

    Hoje, tudo gélido, tudo rápido. Muito mais mórbido. A pessoa morre e a gente nem percebe que nossos sentimentos morrem também. Não vejo a hora de chorar lágrimas de crocodilo pelos que amo e pelos que nunca vi. Os horrores cometidos naquela festa rave me trouxeram de volta o melhor de mim. Hoje, quero minha humanidade de volta. Não quero vida e morte sentadas lado a lado, sem diálogo. Quero uma fusão entre esses dois mundos. Urge sermos gentis na partida. Isso diz muito quem somos. 

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