Fui a um casamento lindo no fim de semana. Impecável. Cenário, gastronomia, trilha sonora, felicidade. Não sei se foi o grau etílico ou minha atual fase de pensamentos sobre a maturidade que, extasiada com tanta beleza, opulência e magia, encasquetei em fazer uma reflexão sobre as moças presentes às bodas.
Excluindo a noiva, em seu momento único e feliz, olhei em volta e não gostei do que vi. Daquelas entre 18 e 30 anos, existia uma mesmice no ar. Cabelos iguais, joias semelhantes, sandálias salto mil, vestidos colados, longos ou curtíssimos, rendas, plumas e paetês, num colorido Pantone, mas sei lá por que achei que elas caminhavam para o abismo.
Repetiam, sem saber, levadas por uma criação que ainda exige que elas seduzam, reluzam, conquistem um par cheio da grana, bonitão, com carrão, corpão, atitude de macho alfa para – quem sabe – serem elas as novas teúdas e manteúdas da vez.
Em nossa sociedade – sobretudo a mais alternativa – lutamos para romper com esse modelo, mas, na elite, parece que as moças – todas com discurso libertário na ponta da língua – um bom emprego, falando duas ou três línguas, capacitadas para serem o que quiserem, ainda querem ser bancadas por seus homens e ostentarem o posto de esposa-madame.
Posso estar pegando pesado, mas juro que vi naquele circo, uma prisão. Magras (eram poucas as gordinhas), ultra maquiadas, aprendizes de mulheres fatais, peitos de silicone, derrierès estilo Dr. Bumbum, elas circulavam pelo salão como mercadorias à venda. Olhei para mim. Sorri amarelo. Sei o que passarão. Espero que não demore para elas se tocarem que se bastam e que, na saúde e na doença, contarão mesmo é consigo mesmas.
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