Como definir essa joie de vivre que algumas mulheres maduras têm? Nem tão lindas, bem vestidas, rykas ou com uma vida de propósito significativo, mas mesmo assim seguem divas. São raras. Amigas da minha mãe. Minhas conhecidas. Uma mendiga pode ter essa fleuma. Nascem com essa marca especial, um tag de fábrica que confere elegância em tudo o que fazem.
Minha tia. Regina. Mesmo no asilo, esquecida de si, mantém uma altivez que me desconcerta. Mãos, olhares, maneira de segurar o garfo, de olhar para o outro. E busco entender mais sobre envelhecer com atitude. Precisa de programação e referência. Ler, estudar, se preparar. O corpo vai falhar. A mente vai sumir. Os entes e amigos vão morrer. Como avançamos para uma despedida tão fúnebre precisando manter o espírito ativo e o entusiasmo em dia?
Essa dicotomia de saber que vai acabar (pior, não sabemos como) misturada à caminhada necessária e firme rumo ao futuro é meio suicida. Como se precisássemos manter o espírito alerta enquanto o precipício se aproxima. Louco né? Mas minha tia sabe como devemos ir. A mim cabe seguir o líder. Pera tia, já chego aí.
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