Foi puxado, aliás, está sendo. Que ano foi esse? Eu e a torcida do Flamengo tínhamos tantos planos e cadê? Juro que já estou bem grandinha para não acreditar em Papai Noel, mas o que pegou foi não ter mais gás para acreditar em mim. Fiquei cética. Além da conta.
Eu ia me operar das varizes, fazer uma viagem internacional, colocar ordem na casa dando uma demão na sala, ia tentar entrar num consórcio de um carro pra minha filha (e olha que nem paguei ainda o curso de autoescola), mas o fato é que realmente eu dei uma pirada completa.
Andei pra ter umas manchas vermelhas pelo corpo, dormir mal, ter insônia, além da menopausa e o pior, morrer de medo. Um medo estranho. Olhar minha timeline e ver a foto de alguém e pensar: mais um que morre? Fiquei supercabreira em dar aquelas escapulidas pela serra ou para o mar – coisa que fiz apenas três vezes em dez meses e pimba! peguei Covid.
Dias infindáveis na cama. Dor nos ossos, nos olhos, no fio de cabelo. O pulmão com 25% de comprometimento, colocando doses altas de ivermectina, azitromicina e zinco pra dentro e rezando. Rezando para não ter que ser internada e fazer minhas filhas anotarem todas as senhas dos cartões, organizar os pagamentos doravante e dar ciência às minhas dívidas grandes. Fiquei jururu.
E #vidasnegrasimportam, muitas mortes de crianças por bala perdida, aquela pobreza no Rio, tudo fechando, amigos sem trabalho, perdendo plano de saúde e alguma posição, muitos casamentos desfeitos…. mas logo depois veio a prisão do Crivella. Tomei como o recomeço da temporada de alegrias e me encontro agora nesta vibe de carioca esperançosa.
Eduardo assume em janeiro, a vacina chega em março se não houver mais patetada da história do jacaré e soube pelos meteorologistas que o verão carioca não será tão senegalês. E, assim, quero adentrar 21 vivendo tudo o que planejei para esse ano inútil e adicionando mais alguns novos à minha rotina.
Um novo emprego? Quem sabe uma plástica no pescoço? Lançar meu livro? Fazer outra tatuagem? Mas tá bom se eu tiver capacidade de manter minhas contas organizadas, conservar minhas aulas de dança, dar vários pulos de carro à São Paulo e celebrar a harmonia em casa. Parece pouco? Sei que dia primeiro de janeiro ainda estaremos com esses antolhos, com a sensação de chupar bala com papel, mas acordaremos mais fortes para saber que precisar estarmos atentos, presentes e ativos. Se não vai ter Natal, se não vai ter Réveillon, que pelo menos tenhamos esperança o ano todo, numa sobrevida de améns e aleluias. Feliz Ano Novo.
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