No primeiro gole achei lindo aquele homem bebendo. Tomou três copos. Depois mais cinco. Chegava a uma conta de quase uma dezena de chopps. O semblante mudou. As palavras enrolaram. Tirou a camisa. Nivelou seu corpo e mente a uma esbórnia imoral – onda apenas dele – enquanto o resto da casa se mantinha sóbria.
Veio a falação, uma necessidade de verbalizar o cotidiano – em frases repetidas e cagação de regras inúteis e chatas. Perdoei a verborragia. Logo depois, começou a mandar áudios e textos para os mais próximos em um sermão imaginário – como se ele fosse o professor de um mundo que só ele enxergava. Deu o primeiro grito com ela. Aumentou o tom. Gesticulava e gritava palavras de ordem. Se descontrolou e o slap! O primeiro tapa.
Gritaria e confusão até o gigante ébrio adormecer. Repetidas vezes aconteceu este fato e ela, anestesiada pelo show semanal, foi levando. Acordou um dia sem alma. Oca. Percebeu que o vício de beber dele era menor do que a sua loucura de não se ver livre daquela prisão etílica. Ironicamente foi até o bar e tomou um gole. O resto, deduzam.
Leia mais: Allure