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Juliana Borges é escritora, pisciana, antipunitivista, fã de Beyoncé, Miles Davis, Nina Simone e Rolling Stones. Quer ser antropóloga um dia. É autora do livro “Encarceramento em massa”, da Coleção Feminismos Plurais.
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María Lugones vive!

A escritora Juliana Borges comenta sobre a importância de filósofa, que morreu ontem e tornou-se referência na desconstrução do olhar feminista hegemônico

Por Juliana Borges
15 jul 2020, 21h00
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  • São Paulo, 15 de julho de 2020

    Ontem, perdemos uma importante intelectual dos nossos tempos. María Lugones, filósofa feminista argentina, professora da Binghamton University, em Nova Iorque, é o que podemos chamar de marco nos estudos decoloniais. Seus dois principais textos, Decolonialidade e gênero e Rumo a um feminismo decolonial são fundamentais para mim, como uma mulher negra latino-americana e que tem, cada vez mais, utilizado as formulações decoloniais em meus estudos e na organização de como me entendo como ativista e como me reposiciono no mundo.

    Em diálogo com obras fundantes dos estudos decoloniais, Lugones queria compreender a “indiferença”, em suas palavras, dos homens latino-americanos, principalmente os negros e “de cor” em relação às constantes violências às quais mulheres negras e de cor são sistemática e sistêmicamente submetidas. A partir dessa inquietação e pergunta científica, a autora construiu análise e apontou, então, que gênero e sexualidade são categorias inseparáveis da colonialidade do poder, sendo, portanto, uma colonialidade de gênero.

    Nessa trajetória, Lugones apresentou como ponto fundamental o rompimento com um olhar feminista hegemônico, marcado pelo etnocentrismo e pelo eurocentrismo, que não levava em conta, seja em suas bandeiras de luta, seja em suas formulações, pontos que, para as sociedades latino-americanas, são centrais para compreender suas organizações, desigualdades e, assim, construir saídas. O questionamento às masculinidades hegemônicas – ou seja, branco e heterocêntricas – era um ponto importante, posto que reproduzidas pelos homens latinos a despeito de esse “ser masculino” também os mantivessem subalternizados. Assim, a filósofa feminista falava que a decolonialidade só seria radicalmente insurgente se rompesse com paradigmas macho-branco-heterocêntricos.

    As formulações de María Lugones foram e são ferramentas indispensáveis para pensarmos saídas frente aos sistemas de dominação e como estes se acomodam e são executados na América Latina.

    Ontem, Lugones se foi fisicamente. Mas, suas formulações são inestimáveis e seguirão conosco para as disputas políticas e discursivas que temos de fazer para construirmos outras sociedades, em que os sentidos e cosmovisões originárias sejam nossos fundamentos para o que queremos ser.

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