Microbiota é o nome do conjunto de microrganismos que convivem fisiologicamente e equilibradamente com o organismo humano.
Assim como nossos genes foram estudados no Projeto Genoma, identificando influências do meio ambiente sobre os mesmos, agora há estudos sobre a comunidade de microrganismos que convivem conosco, denominada microbiota. Temos cerca de 3 milhões de microrganismos em nosso corpo, entre eles bactérias e fungos, que também têm seus próprios genes.
Logo no início de nossa vida, temos uma colonização desses microrganismos que permanecem sempre conosco. O desequilíbrio das quantidades específicas dessas bactérias e fungos favorece o crescimento de organismos prejudiciais em detrimento dos benéficos e predispõe a disbiose. Sendo assim, desequilíbrios como a microbiota intestinal, podem causar cólicas, diarreias e má absorção de nutrientes. Quando tomamos um antibiótico para atacar uma bactéria que está nos prejudicando, nós automaticamente desequilibramos a microbiota, fazendo com que possa surgir algum efeito colateral. Vemos então que o equilíbrio da nossa microbiota é questão importante para preservar nossa saúde.
Nos últimos anos foram publicados muitos estudos científicos sobre probióticos, microrganismos vivos que podem ser ingeridos para manter o equilíbrio da microbiota normal e melhorar a saúde do indivíduo.
Sabemos que o uso oral de probióticos pode equilibrar a microbiota intestinal e melhorar a disbiose desse órgão. Hoje, inúmeros trabalhos científicos também têm enfatizado que os probióticos sistêmicos podem ter efeitos benéficos em doenças inflamatórias da pele.
Estudos mais recentes têm delineado a microbiota da pele especificando os microrganismos e suas quantidades. Esses trabalhos científicos enfatizam que cada pessoa tem sua própria composição e combinação de microrganismos como se fosse sua impressão digital.
Uma das primeiras doenças de pele onde se percebeu a influência positiva do uso de probióticos é a dermatite atópica. A atopia é uma doença que desregula o sistema imunológico, causando manifestações respiratórias, como asma ou bronquite e/ou inflamações de pele, como eczemas. Estudos recentes demonstraram que o uso concomitante do probiótico com tratamento específico, em indivíduos atópicos, ajuda a diminuir as crises da doença. Existem duas outras doenças com alguns estudos em relação ao uso de probióticos, que são a acne inflamatória e a psoríase. Na primeira, as bactérias têm muita importância e quando há piora das lesões, detectou-se desequilíbrio da microbiota. Na psoríase, o uso de probióticos parece ajudar, diminuindo a inflamação da pele.
Como é um assunto relativamente novo, os estudos ainda estão no início, sendo necessário estabelecer padrões que podem ser interessantes para cada situação. Com a abertura desse novo caminho, será possível estudar melhor o probiótico, sua especificidade e a sua interferência nas diferentes doenças de pele.
Vale lembrar que os recentes estudos não invalidam os benefícios do uso de probióticos ingeridos para ajudar o intestino, mas as comunidades bacterianas na pele e no intestino são bem diferentes. Dessa forma, ainda há muito a ser desvendado nesse assunto tão atual.
O que acaba sendo mais utilizado no momento são os prebióticos, que não são organismos vivos, mas sim, substâncias como se fossem um alimento que equilibram a população bacteriana. Esse tipo de prebiótico, que geralmente são moléculas de açúcar não digeríveis, começa a ser utilizado em alguns cremes, para que haja mais um benefício, além da hidratação e ação antienvelhecimento.
Esse tema é muito interessante, pois além de inovador e promissor caminha numa linha natural, respeitando a identidade de cada organismo.