A história de um casal que levou quatro décadas para ficar junto
Glória e Miguel demoraram quarenta anos para se reencontrar. E outros vinte para poder se casar na Igreja
Algumas histórias de amor parecem tão improváveis que, se fossem escritas como roteiro de filme, talvez ninguém acreditasse. A de Glória e Miguel é uma dessas, que prova que o tempo é apenas um detalhe quando estamos falando de amor. Eles se conheceram ainda crianças, no interior do Espírito Santo. Ela tinha 11 anos e ele, 14.
Três anos depois do primeiro encontro, que não deu em nada, os dois se reencontraram e começaram a namorar. Era aquele tipo de namoro inocente, típico da época, sem grandes expectativas. Apesar do carinho que havia entre eles, Glória resolveu se casar com outro homem, e se mudou para o Rio de Janeiro, onde construiu uma família com cinco filhas. Miguel, por sua vez, também seguiu com a vida, se casou e formou sua própria família.
Desdobramentos
Décadas se passaram e o destino resolveu brincar com o acaso. Durante todo esse tempo, Miguel nunca esqueceu do amor da adolescência. Mesmo tendo vivido outro casamento, ele carregava dentro de si uma paixão silenciosa por Glória. Ela, por sua vez, precisou enfrentar sua própria jornada espiritual para que o casamento pudesse se concretizar.
Foi só 40 anos depois, já separados de seus cônjuges — Glória estava divorciada, e Miguel, viúvo — que seus caminhos voltaram a se cruzar. A chama que havia sido acesa na juventude reacendeu, e os dois começaram a namorar na maturidade.
Dessa vez, o amor foi mais forte e duradouro. Glória e Miguel viveram juntos por mais 20 anos. Apesar de compartilharem uma vida, Glória nunca se sentiu à vontade para oficializar o casamento. Como católica fervorosa, acreditava que não poderia se casar de novo enquanto o primeiro casamento não fosse anulado pela Igreja. Assim, por duas décadas, viveram como marido e mulher sem o sacramento do matrimônio.
Durante os mais de vinte anos em que estiveram juntos, ela frequentava a igreja, como de costume, mas nunca comungava. Glória acreditava que, por estar em um relacionamento sem o sacramento abençoado pela Igreja Católica, não tinha o direito de participar da eucaristia.
Ação e desfecho
Foi então que, aos 82 anos, ela tomou uma decisão inesperada: escreveu uma carta diretamente para o Vaticano, pedindo a anulação de seu primeiro casamento. Durante todo o processo de espera, ela manteve firme a sua fé e acreditava que um dia seu pedido seria atendido. Um ano depois, a resposta chegou: a anulação foi concedida.
Com a bênção da Igreja, o casamento entre Glória e Miguel foi, enfim, oficializado. Não houve grande cerimônia ou festa luxuosa. O dia aconteceu de maneira simples, com apenas o padre e algumas testemunhas presentes. Mas, para Glória, aquele momento significou muito mais do que qualquer celebração poderia representar. Foi a concretização de um sonho antigo, um desejo que ela carregava desde a juventude: casar na igreja com o primeiro amor de sua vida.
Agora, aos 82 anos, Glória e Miguel, de 85, vivem a tranquilidade de quem sabe que o tempo pode até passar, mas o amor verdadeiro permanece. Para Miguel, aquele momento foi a realização de uma promessa que ele havia feito a si mesmo: a de que um dia, de alguma forma, Glória seria sua esposa. E assim foi.
A história dos dois é um exemplo de que o amor pode atravessar o tempo, superar barreiras e se manifestar mesmo nas circunstâncias mais improváveis. Para quem acha que o tempo já passou ou que não há mais chances de encontrar o amor, a trajetória de Glória e Miguel deixa uma lição valiosa: nunca é tarde para ser feliz. Se o amor é verdadeiro, ele encontra um jeito de florescer, mesmo depois de muitos anos.
Como a própria Glória diz: “A vida continua até o último respiro. O amor pode estar logo ali, esperando por você, em algum lugar inesperado”.
“A vida continua até o último respiro. O amor pode estar ali, esperando por você, em algum lugar inesperado”
Glória
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