Seu Né Bento é daquelas criaturas especiais que não conseguem entender muito bem por que é tão querido por sua comunidade. “Só conto histórias de roça, minha filha”, me disse ele no nosso primeiro encontro, num simpático boteco de Guarani, onde tem um banco só pra si.
Manoel Bento, Tio Né para os mais próximos, tem 88 anos, mas achava que fossem uns 90, afinal nunca se preocupou muito com essas coisas. Irmão de 10, pai de 11 e avô de mais de 30, ele, que hoje é viúvo, passou a vida na labuta da roça e não teve muitas oportunidades, mas isso nunca foi motivo de lamúria. “Eu agradeço a Deus todos os dias, rezo muito antes de sair da cama, não tenho nada pra reclamar”, declarou com seu sorriso permanente e sonoro.
De tão boas, as tais “histórias de roça” que ele conta ganharam amplitude e ganharam um programete matutino na rádio local, graças à ajuda do amigo e “assistente” Anderson Moreira, que cuida de gravar as conversas deles por WhatsApp e enviar para o pessoal do estúdio, o que foi espalhando sua fama por toda a região sul da Zona da Mata mineira.
Bom de papo, fazedor de versos e tocador de qualquer coisa sonora que lhe chegue às mãos, Né é a atração desta quarta do Conversa de Vô (sim, hoje a live é às 17h30 com um patriarca), que rola no meu Instagram. Se puder, passe lá para entender porque nosso personagem de hoje é cantado em verso e prosa.
*Para ver mais histórias com esta e acompanhar minha “curadoria de avós e avós”, acesse nataliadornellas.com.br ou @nataliadornellas, no Instagram. Ah, e se conhecer personagens que mereçam ter suas contadas, me deixe saber, por favor.