Hoje é dia de Lia, uma vovó fashionista intuitiva que adora cerveja preta
Dona Lia adora misturar cores e ama suas roupas de linho. Também adora tomar cerveja preta
Nascida Maria Jose Nogueira Santos, em São Francisco, Minas Gerais, Lia é meu sonho de consumo desde que comecei a pensar no Conversa de Vó. Linda, vibrante e serena ao mesmo tempo, ela é mãe de Cidoca, uma amiga que transborda beleza e faz a gente ficar mais bonita com seu trabalho de maquiadora. Mas Lia não gosta de tecnologia (rima barata, eu sei), ela prefere as coisas que pode pegar e por isso nossa conversa segue adiada até quando a vacina vier e pudermos nos embolar na cozinha da casa da filha em Belo Horizonte, onde passa pequenas temporadas.
“Ela já se levanta no jardim porque tem que conversar com as meninas”, explica Cida ao telefone, nesta manhã triste para os negros que deveriam estar comemorando o Dia da Consciência Negra, mas lamentam a morte de João Alberto, em Porto Alegre.
Depois de um tempo mexendo nas plantas, é hora de ir pra cozinha que ela faz questão de pilotar, sempre com o auxílio luxuoso de uma garrafinha de cerveja preta. “Ela toma essa garrafinha todos os dias na hora do almoço”, explica Cida, que reforça que o arroz com feijão da mãe é o melhor da Terra.
Avó de Olívia, de 8 anos, que mora na Suíça, Lia exerce sua avosidade de outras formas também. A casa dela, em Montes Claros, MG, é onde vizinhos e parentes se encontram para comer um bolo e tomar um chá feito com as ervas do quintal. “Ela é agregadora, tem a casa aberta e eu herdei isso”, comenta a filha.
Fashionista por pura intuição, ela adora misturar cores e cuidar das suas roupas de linho, suas prediletas. “Faz questão de lavar, depois põe pra quarar, passa e engoma. Minhas roupas brancas nunca estão brancas para o gosto dela”, se diverte Cida. Vaidosa, Lia não abre mão de pintar os cabelos de preto, pretíssimo e as unhas de cores como rosa e vermelho, além de prezar pelo ritual dos cremes, que lhe toma um tempinho todo santo dia.
Depois do almoço, tem o cochilo no sofá, na companhia da cachorra Tarsila que adotou junto com o filho. Seu dia só termina bem tarde, quando já assistiu a todas as novelas. O jornal Lia anda pulando, já que as notícias não ajudam e só trazem dissabor.
Em passagem recente pelo doutor, ouviu que seu coração está tinindo como o de alguém de 50 anos. Se não fosse a vista, que às vezes não ajuda, ela não teria nadinha pra reclamar da vida. Lia, sua linda!
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