O gingado dela, aos 79 anos, encantou a atriz Viola Davis, mas, para a turma do samba de São Paulo, Dona Guga é rainha há muito tempo. Laurinete Nazaré da Silva Campos saiu numa escola de samba (Ritmo do Morro, que depois se tornaria a Unidos do Peruche) pela primeira vez aos 2 anos de idade e nunca mais parou.
Na Morro da Casa Verde, fundada por pelo pai, Zezinho do Banjo, em abril de 1962, foi tesoureira, madrinha da bateria, porta-bandeira e hoje é presidente de honra. “Aonde tiver um surdo tocando, eu tô junto”, diz ela. Mesmo manifestando alguns sinais do Alzheimer, Dona Guga segue firme na luta para colocar a escola na rua, paixão que herdou do pai, com quem estabeleceu um compromisso para a vida toda.
“Fui visitar meu pai doente no hospital e ele pediu para que eu não deixasse a escola morrer. Prometi. No outro dia eu recebi a ligação de que ele havia falecido”, conta. Condecorada Cidadã Samba de 2017 pela União das Escolas de Samba de São Paulo (UESP), e agraciada com o Prêmio Theodosina Ribeiro pela luta contra a discriminação racial e a defesa dos direitos das mulheres, Dona Guga é uma das poucas mulheres que estão no comando de uma escola de samba no país e, claro, já sofreu muito preconceito, mas não se desanimou.
Em entrevista ao Catraca Livre, ela contou que o marido só tentou impedi-la de ir ao samba uma vez, quando estava grávida, mas ela foi firme. “Quem manda em mim sou eu”.
*Para ver mais histórias com esta e acompanhar minha “curadoria de avós e avós”, acesse nataliadornellas.com.br ou @nataliadornellas, no Instagram. Ah, e se conhecer personagens que mereçam ter suas histórias contadas a plenos pulmões, me deixe saber.