Em abril do ano passado, quando a pandemia e o isolamento começavam a apresentar pra gente uma nova e assustadora realidade (mal sabíamos que duraria tanto tempo), eu instituí na minha rotina pequenos momentos de respiro, intervalos que não estavam na agenda na vida pré-pandêmica, mas que, de repente, pareciam necessários. Com a vista reduzida às paredes da minha casa, passei a ir até o quintal, todos os dias, por volta das cinco da tarde, observar o céu ganhar tons alaranjados, rosados, lilases e, por fim, variedades de azul. Céu de outono da fresta de vista que tem o meu quintal.
Não era só eu. As redes sociais se enchiam de registros dos fenômenos únicos que só a natureza proporciona, esse cinema mais surpreendente do que um bom roteiro de suspense. O que fazíamos ali, mesmo sem refletir mais profundamente, era procurar o belo em nossos dias. Numa atmosfera de dúvida e medo constante, o show de luzes nos conectava e dava a mensagem que o planeta seguia seu curso. O belo é a lembrança da esperança, do amanhã. Ele pode estar no pôr do sol, numa luz que entra pela janela, no sorriso dos seus filhos, numa obra de arte ou naquela música que faz seu humor melhor imediatamente.
Renata Vasconcellos, no Rio de Janeiro, talvez visse no céu um espetáculo ainda melhor do que o de São Paulo. Diferentemente de mim, ela já estava consciente da importância do belo na vida. E segue fazendo questão de incluí-lo, seja distribuindo vasos de flores pela casa, tirando tempo para tomar café da manhã devagar e admirar a cerâmica usada – ela gosta tanto que estava fazendo aulas antes da pandemia – ou escapando para sua casa de campo, onde pode ficar em contato com a natureza. Esses elementos, como mágica, mantiveram sã e forte a apresentadora do telejornal com maior audiência no país, o Jornal Nacional.
De dia, Renata se revigora com o belo e, à noite, se recorda do seu propósito para entregar a milhões de pessoas as duras notícias dessa tragédia que vivemos. Esse ciclo intenso provocou uma revisão do ritmo de vida. O objetivo agora é reduzir a velocidade para olhar mais verdadeiramente para o outro, para ter conversas profundas e trocas sinceras. Ela fala disso na entrevista (veja aqui), que merece ser lida lentamente, acompanhada de café e bolo, como ela gosta de fazer em sua casa.
Espero que o papo inspire você também a sair em busca do belo, mesmo que seja nas pequenas coisas, afinal, estamos todas precisando de alguns bálsamos para amenizar as dores e se sentir acolhidas. Os meus são: cozinhar um almoço mais caprichado e sem pressa no fim de semana, reler meus poemas preferidos e caminhar até o parque aqui perto de casa. Quando puder, me escreva pra compartilhar os seus, vamos fazer crescer essa rede de autocuidado e apoio.
Boa leitura!
Um beijo,
Editora-chefe
Colaboradores
Há uma desconexão entre a população e a política – isso anda bastante explícito – e algumas pessoas buscam alternativas e soluções. Os minipúblicos, assembleias feitas com uma amostra da população para resolver uma questão específica, se mostram prósperos. A Kelly fez a linda ilustração dessa matéria, mostrando detalhes da história que contamos. Leia aqui.
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Parceira frequente de CLAUDIA, a fotógrafa mineira é a responsável pelos retratos de Renata Vasconcellos, feitos remotamente, e pela direção das fotos. O resultado é tão poético que dá vontade de fugir para o campo.
Caso você se apaixone perdidamente pelas fotos do editorial de moda (veja aqui), corra pro Instagram e siga a Raquel, que só tem trabalhos de cair o queixo. Ela registrou os looks com animal prints, tendência máxima da estação.