Admito que quando abri A Glória e Seu Cortejo De Horrores pela primeira vez, já suspeitava que ia gostar. Sou muito fã do outro livro da Fernanda Torres, Fim, lançado em 2013. Acho que ela tem um talento único para descrever cenas com referências pontuais. O texto fica rico, delicioso de ler.
Dessa vez, o enredo gira em torno de Mario Cardoso, um menino comum que descobre a paixão pela atuação. A carreira de ator é contada desde os primeiros dias, sofridos, na tentativa de ter algum destaque. Mario alcança o estrelato, mas aprende que a fama (o sonho de tantas pessoas) não é tão gratificante. Entremeiam os depoimentos profissionais os acontecimentos na via pessoal: a primeira grande paixão, o casamento, a relação com os pais.
Leia mais: Livros para devorar
Fernanda usa muito de sua experiência para escrever: seu conhecimento sobre teatro e autores teóricos, os textos, exercícios e emoção que cabem ao ator. E, apesar da trama começar há décadas, é a realidade atual da nossa cultura que ganha destaque. Ela descreve sem filtros a ascensão das novelas bíblicas e a comercialização do talento do artista (é o dinheiro que move a tv, o teatro e etc – como todos os outros mercados).
O livro tem 211 páginas e pode ser devorado em um único final de semana. Não dá vontade de parar mesmo. É ótimo para quem sempre quis saber mais sobre os bastidores da fama e agora pode dar uma espiada.