Eu tinha 10 anos e adorava aulas de biblioteca. Não sei se as crianças têm isso hoje. Naquela época íamos até a biblioteca do colégio (a do meu era uma sala pequena, mas cheia de livros incríveis) e líamos juntos. Tinha gente que amava, gente que odiava. Votávamos num livro, a professora lia e discutíamos toods. Depois íamos embora com outro exemplar qualquer pra ler durante a semana.
Mas voltando aos 10 anos e ao livro escolhido naquele mês qualquer: O Assassinato no Expresso Oriente. Impressionante desde o título. A autora, Agatha Christie, era a mestre mundial do suspense, best-seller e amada pela professora. Foi minha primeira expedição com Hercule Poirot, o detetive imbatível que povoa os livros de Agatha.
E, um trem, acontece um assassinato (essa parte dá para adivinhar pelo título). Ninguém sai até descobrirem o autor das facadas num dos passageiros. Poirot investiga, interroga e, muitas páginas depois, eu e meus colegas da quarta série ficamos sabendo do desfecho.
Agora pula pra 17 anos depois. O livro continua sendo um dos meus preferidos da vida e uma nova versão para cinema é lançada. Só gente boa demais no elenco. O Poirot é interpretado pelo inglês Kenneth Branagh, que também dirige o filme. Tem Judi Dench, Penélope Cruz, Daisy Ridley (de Star Wars). Tem também Michelle Pfeiffer, que deu essa entrevista exclusiva pra gente, feita pela Elaine Lipworth. Vocês tão pirando? Eu também. Vejam o que ela falou e não percam esse filme maravilhoso!
CLAUDIA: Há uma versão cinematográfica de Assassinato no Expresso Oriente de 1974. Você já tinha visto?
MICHELLE: Não, acredita? E o Kenneth pediu para não vermos. A ideia era fazer uma versão totalmente original.
Como era o clima no set?
Parecia um trem de verdade. Ele se mexia e as projeções dos cenários externos nas janelas dava a sensação de estarmos lá. Mas o Ken queria o clima de mistério, então ele nos lembrava que havia um assassino entre nós, espalhava medo. Dá pra sentir essa tensão na atmosfera.
Por que gostamos tanto de suspenses?
É da natureza humana querer desvendar mistérios. Ainda mais se for antes dos amigos ou da família. Esse filme é ideal pra isso. Eu sou assim, pelo menos. Não posso ver algum problema que já quero ir lá resolver. No set, arrumo cenário, figurino (risos).
Como foi trabalhar com esse elenco incrível?
Fiquei um pouco intimidada para dizer a verdade. Tive que fazer uma cena na frente de todo mundo no primeiro dia e pensava: “Estou dando vexame na frente da Judi Dench”. Talvez eu nem estivesse dando vexame, mas estava impressionada com o talento dos outros. Eles são tão incríveis.
Você é perfeccionista com seus personagens?
Sem dúvida! E não gosto de me assistir. Mas a gente sabe que nada é perfeito nas artes dramáticas nem em nenhuma arte. É até estranho eu ter escolhido essa carreira. O fato é que me entedio facilmente, menos com meu trabalho.
Como escolhe seus projetos?
O fato é que já fiz muitas escolhas erradas e que paguei um alto preço por isso. Agora dedico muito tempo às minhas decisões. Muitas coisas podem dar errado em um filme, mas se a gente acredita nele, ajuda. Se eu acreditar na personagem, no projeto, no processo, tudo corre bem do começo ao fim. Essa é força que tem me orientado.