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Roberta D'Albuquerque

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Roberta D'Albuquerque é psicanalista e autora do livro Quem manda aqui sou eu - Verdades inconfessáveis sobre a maternidade
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“Desejo que permaneça”

Estamos vivos, saudáveis, com força para trabalhar, estudar e amar, críticos, curiosos, cheios de desejos e esperançosos. É tudo de que precisamos.

Por Roberta D'Albuquerque
8 jan 2018, 11h43
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  •  (ThinkStock/ThinkStock)

    Apesar de ser uma pessoa que se comove facilmente, tenho certa resistência ao período do réveillon. Gosto dos rituais, da ideia de pular ondas, de comer sete uvas, da unanimidade do branco, da análise do ano que passou, da vibração positiva e coletiva do dia 31. Ainda assim, alguns detalhes da festa não me pegam: os “prósperos” dos votos automáticos, as resoluções impossíveis, as cores que significam isso ou aquilo.

    Passei o último dia do ano em casa, com minha família. Cozinhamos, acendemos algumas luzes, ouvimos músicas. Com a noite já avançada, minhas filhas resolveram amarrar fitas coloridas no pulso e me perguntaram o significado de cada cor. Contei o que sabia e procuramos detalhes na internet. Laços devidamente dados, seguimos com a comemoração da virada. Cinco minutos de conversa, e duas reflexões que foram para mim tão valiosas, tão cheias de sentido.

    Com o significado das cores anotado em um pedaço de papel, as meninas foram saber do pai (que quase às 10 da noite ainda descascava maçãs para a torta que seria, mais tarde, a sobremesa) que cor de fita ele queria amarrar no braço.
    – Do que você precisa em 2018, pai?
    – Quero uma cinza. Fui feliz em 2017. Que tudo permaneça!

    Da sala de jantar, onde colocava os pratos à mesa, parei alguns minutos para conter a potência da declaração. Quão corajoso pode ser não pedir nada, mesmo que se queira a única coisa que parece impossível: a permanência.

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    Ouvi todos rirem juntos. Ignorado o pedido, elas colocaram no braço do pai a cor que queriam. Fizeram o mesmo comigo e com minha mãe, que estava conosco. Nela, escolheram azul, já que pediu saúde em dobro.

    No fim da festa, minha filha mais velha sentiu falta de sua fita verde. Perdeu no meio dos abraços da meia-noite. Não se importou: “Alguém que acredita nessa brincadeira já tem toda a esperança de que precisa”.

    Dia amanhecido, a fala de Henrique e de Lara ainda ressoavam em mim. Que bom poder testemunhar essa clareza! Foi um ano duro. Mas, sim, fomos felizes. Estamos vivos, saudáveis, com força para trabalhar, estudar e amar, mantemo-nos enlaçados, críticos, curiosos, cheios de desejos e esperançosos. E é disso que se trata o pedido dos dois. É tudo de que precisamos. Que 2018, então, seja cinza: que tudo permaneça, ainda que sempre mude.

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