Tenho ouvido muitos pedidos como este do título ultimamente. Para cada “é hora do banho”, “vamos dormir”, “a lição já está pronta?” A resposta é um “calma aí” diferente. Ora manso, ora irritado é um texto que se repete (e cansa).
E textos se repetem por uma razão, certo? Minha aposta é que alguém não está disposto a escutar.
Sustentei por um bom tempo a hipótese de que não era eu esse alguém. Para ser sincera, não cheguei a cogitar nenhuma outra possibilidade. Até perceber que nas noites em que preciso chegar tarde a casa, banhos são tomados, lições são feitas e as crianças dormem sem que ninguém precise lembrá-las o que deve ser feito.
Parece-me que o incômodo do pedido ultrapassa a falta de disciplina (do lado delas), assim como extrapola o cuidado materno (do meu lado). Trata-se de pressa. A minha pressa.
Em seu livro The Available Parent, o psicólogo John Duffy incentiva mães e pais a olharem seus filhos, assistirem de verdade suas brincadeiras, o jeito como sentam e seguram o lápis para escrever, os gestos que fazem ao contar uma história. É um exercício. Uma tentativa de nos tirar do modo diretor de cinema (“faça isso, agora aquilo”) da vida das crianças.
Gosto da ideia de Duffy. Tem funcionado para mim como uma musculação de minha capacidade de estar tranquila com as meninas. Um treino para fazer as pazes com o tempo (e com elas, claro).