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Patrícia Zaidan

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Coluna da jornalista e psicóloga Patrícia Zaidan: atualidades, feminismo, direitos humanos
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Ato histórico: senadoras se rebelam e ocupam a mesa do Senado

Para impedir que a reforma trabalhista fosse aprovada às pressas e sem discussão, elas se jogaram na frente do trem-bala

Por Patrícia Zaidan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 11 jul 2017, 18h58 - Publicado em 11 jul 2017, 18h15
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  • Quando o país desce ladeira abaixo, com um governo à beira da prisão e um parlamento basicamente tocado à propina, a resposta tende a ser rebelde. Foi o que fez no fim da manhã de hoje a senadora Fátima Bezerra (PT-RN). Rebelou-se. Sentou no trono do presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e de lá não saiu quando ele chegou para iniciar a votação da Reforma Trabalhista. A legislação pode estar precisando de atualizações, é verdade. Mas não dará certo mexer com tanta violência na vida de quem produz sem antes conversar com a sociedade. Para citar um item: se passar a reforma que Temer (mesmo réu e desacreditado) segue impondo, a mulher grávida e a mãe que amamenta trabalharão em ambiente insalubre sem que ninguém se importe com elas e com seus filhos.

    A atitude de Fátima foi seguida pelas senadoras de oposição Vanessa Grazziotin (PCdoB), Lídice da Mata (PSB-BA), Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Regina Sousa (PT-PI).

    Eunício mandou apagar a luz, desligar o ar condicionado, ordenou também que arrancassem os microfones delas e que a TV Senado parasse de transmitir. As senadoras permaneceram lá. No escuro. Em plenário. Resistindo. Um ato inédito na República.

    Minoria no parlamento brasileiro (com as deputadas, as senadoras não formam nem 12% do Congresso), a ala feminina, cansada de não ter vez nem voz, de falar por último ou ser interrompida, se pôs na frente do trem-bala. É como se provocasse: “Passem por cima se quiserem votar sem discutir.”

    E nós, do lado de cá, dissemos: “Deu! Não aguentamos mais.” A hashtag mais vista hoje: “#forçasenadoras”.

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    Fátima havia passado a transmitir das redes sociais o que estava ocorrendo, Gleisi seguiu fazendo o mesmo, Kátia Abreu (PMDB-TO) se somou às colegas com a declaração: “Ninguém vai morrer se votarmos a reforma na primeira semana de agosto. É melhor debater com calma. Essa reforma está a serviço de quem? De um Planalto que não se sustenta?

    Já passava das 17h15, quando Eunício recuou. Deu a contraordem para religarem as luzes. Quem sabe o cearense e toda a tropa de choque de Temer passem a considerar mais a minoria. Ruidosa minoria que trabalhou hoje sob a luz do celular e movimentou o país, mesmo com a ameaça de ser arrancada da mesa diretora do Senado pela Polícia Legislativa.

    Um lembrete: em maio, CLAUDIA esteve no Congresso pedindo atenção de deputados e senadores para a REFORMA DAS MULHERES, que nossa equipe está propondo. Antes de mudar a Previdência e mexer na legislação do trabalho, senhores, ouçam as mulheres. Não se esqueçam que elas podem revirar o mundo.

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