“A temporal” é um conceito bastante forte no universo dos casamentos. Tão forte que acabou se tornando uma categoria. Muitos casais procuram fazer escolhas que acreditam ser “à prova do tempo”, porque têm medo de se arrepender ao rever as fotos do grande dia após 10 anos.
A recomendação para quem procura o estilo é seguir uma paleta de cores neutras, como o clássico verde e branco, e não apostar em ideias muito ousadas, porque é maior o risco delas caírem em desgosto posteriormente. O vestido, a decoração, o estilo da fotografia… Tudo deve ser mais contido.
O casamento é um momento único na vida. É compreensível que você queira garantir que aquele seja o dia mais feliz e lindo de todo o sempre. Mas será mesmo possível acertar 100% e não se arrepender de nada? O que me incomoda nessa história de “atemporal” é que, a fim de blindar o casamento de possíveis remorsos, os noivos também abrem mão de imprimir sua personalidade no evento.
Por medo de errar, acabam escolhendo o caminho mais seguro, que também é o mais vago de significado. O casamento, que deveria ser único e exclusivo, se torna transferível para qualquer um, porque não tem identidade, além da tal característica resistente ao tempo.
Quando falo em imprimir personalidade, é preciso ressaltar que não estou falando em modismos. Estes, sim, correm o risco de ficarem datados. Mas acredito que, quando a festa é inspirada nos gostos e na personalidade do casal, as chances de errar são bem menores. A Nina Vintage Decor, comandada por Camilla e Cristina Salum, é uma empresa de decoração especializada em casamentos criativos, que atende noivos extremamente autênticos.
“A decoração é a alma da festa e os meus noivos não têm medo de ser quem são, de romper com as tradições. Sempre existe o receio de não agradar a família, mas é preciso desconstruir algumas regras impostas pela sociedade”, defende Camilla. “Hoje em dia, a maioria dos noivos paga pelo próprio casamento. Essa mudança de comportamento trouxe maior liberdade no modo de comemorar, com menos medo de ousar nas escolhas”, explica. Vale citar que ousadia não é oposto de elegância. “São as sutilezas que revelam a personalidade dos noivos e os convidados vão saber identifica-las”, diz a decoradora.
O desafio do ponto de vista criativo é enorme. “Criamos sem referências, porque o ponto de partida é a história dos noivos, algo inédito. Nosso objetivo é oferecer uma experiência aos convidados”, afirma Camilla. Com um conceito tão pessoal e customizado, é difícil que o casal lamente as escolhas no futuro.
Quando virem as fotos, anos depois, irão se lembrar de quem eram e de como se sentiam. Afinal, é inevitável que o casamento seja um reflexo dos tempos em que vivemos. Na era das redes sociais, em que somos bombardeadas por informações todos os dias, ser autêntica é cada vez mais difícil. Mas, como disse o pintor Henri Matisse, criatividade exige coragem.
O que os casamentos dessas fotos, todos assinados por @ninavintagedecor, têm em comum? Absolutamente nada. Cada projeto é único. Os detalhes contam um pouco da história dos casais: arranjos geométricos para a advogada que ama cores; câmeras suspensas sob o altar de dois fotógrafos; iniciais em neon para os noivos superurbanos que amam São Paulo; nuvens de flores secas para o casal jovem e descolado que pediu “algo que os convidados nunca tinham visto antes”.