“Fica, vai ter bolo” é uma frase com grande poder de convencimento. Não há quem resista a uma fatia! De fato, o bolo se mantém protagonista da festa de casamento há séculos: na Roma Antiga, quebrava-se uma espécie de pão doce confeccionado com trigo, frutas, cereais, amêndoas e mel por cima da cabeça da noiva, para lhe desejar boa sorte.
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Já na Idade Média, surgiu o costume dos convidados levarem pequenas tortas (salgadas!) que eram empilhadas no centro de uma mesa. Os noivos, então, se beijavam por cima da torre para garantir prosperidade. Mas foi o casamento da Rainha Victoria, em 1840, que popularizou o bolo como o conhecemos hoje.
Historiadores acreditam que a rainha queria que o doce de três andares que encomendou refletisse uma influência francesa. O acabamento de glacê branco, feito com açúcar refinado (ingrediente raro e muito caro na época), causou um frenesi entre os plebeus, que puderam participar do casamento real através das fotos veiculadas nos jornais. Foi o primeiro casamento da realeza a se tornar um evento público e cobiçado pelas massas.
Victoria e Albert também foram os primeiros a usar pequenas estatuetas como topo de bolo, tradição que vemos perdurar na maioria dos casamentos. Desde então, os doces surgem cada vez mais modernos e ornamentados, ao passo que a confeitaria ganha status de arte. Formatos ousados e texturas surpreendentes fogem do tradicional e trazem os bolos para a atualidade.
A chef pâtisserie e cake designer Ale Moreira, de Curitiba, acredita que o bolo é uma combinação de culinária e expressão artística. “O processo criativo depende de uma série de fatores, como o local da festa, o estilo dos noivos e o que queremos transmitir através da estética”, explica. “Busco inspiração na natureza, em museus e até em esculturas. Depois, procuro entender como aquilo pode ser executado de forma comestível”, diz Ale, que agora está se especializando em wafer paper, técnica em alta na Europa, que, anote!, vai conquistar muitos noivos no Brasil no próximo ano.
Independentemente da aparência, a simbologia que venceu a passagem de centenas de anos se sustenta até hoje: não há nada mais afetivo que repartir um bolo com quem a gente ama, num dia especial.