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A parte que me cabe

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Idealizadora do @namastreta, a jornalista Caroline Apple trilha o caminho da autorresponsabilidade nos relacionamentos

Curtir fotos de outras pessoas é traição na monogamia?

Em vez de dar ouvidos à insegurança e aos ciúmes e sair agindo de maneira explosiva, seja honesta, abra o seu coração e dialogue

Por Caroline Apple
Atualizado em 2 mar 2023, 14h55 - Publicado em 3 out 2022, 16h59
O que fazer quando seu namorado vive curtindo foto de outras mulheres na internet?
O que fazer quando seu namorado vive curtindo foto de outras mulheres na internet?  (Budgeron Bach/Pexels/Reprodução)
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Se você tem um relacionamento monogâmico com uma pessoa que anda curtindo fotos específicas de outras pessoas na internet, e isso te incomoda, te convido a exercitar expor seu incômodo de uma forma que ajude ambos a crescerem como casal. Mas, desde já, quero deixar claro que se isso te incomoda, não deixe ninguém reduzir seu desconforto por meio do julgamento. Vamos lá!

Não dê ouvidos apenas ao ciúmes

Em vez de dar ouvidos à insegurança e aos ciúmes e sair agindo de maneira pouco “republicana” e explosiva, seja honesta, abra o seu coração e pergunte: “Qual a sua intenção ao curtir as fotos dessa pessoa?” E deixe que a reação dele seja parte da resposta que você precisa para conhecer um pouco mais quem está do seu lado.

Eu gosto de saber o que há por detrás das pequenas e “despretensiosas” atitudes, porque é nelas que nossa “verdade” inconsciente tende a escapar. Poucas pessoas ficam atentas aos detalhes. Geralmente, agem no automático, sem consciência, dando a chance de serem conduzidas por questões internas que, muitas vezes, desprezam o autocuidado e o cuidado com o outro. Negligenciam nas pequenas coisas tudo aquilo que dizem se importar e zelar. 

Mas isso não é um convite a entrar numa paranoia e sair tirando satisfação ou fazendo acusações. Não precisa criar possibilidades e nem sair deduzindo se há algo a mais do que aquele “biscoito” em formato de curtida. A própria curtida já é o suficiente caso ela te incomode. E você pode e deve manifestar essa sensação com a pessoa que topou dividir essa jornada com você. 

A proposta aqui é mostrar que há outras formas de expor esse tipo de inquietação sem brigas, desconfianças e paranoias. É sobre algo mais profundo que vale a pena ter contato. E enquanto ele se manifesta, você, paralelamente, investiga o que te levou a viver essa insatisfação diante dessa ação dele. A resposta pode ser um grande presente para o seu processo de desenvolvimento pessoal e nas relações.

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É sobre o direito de saber onde estamos pisamos, de observar a qualidade de presença e atenção de quem escolhemos para estar ao nosso lado. E não é sobre infidelidade ou uma ode à monogamia e ao controle, longe disso. É sobre confiança e lealdade que só emergem em relações onde ambos cuidam de forma holística do relacionamento, dos detalhes até as grandes atitudes, acolhendo, inclusive, momentos como esses.

Assim, temos a chance de escutar e dar voz aos nossos desconfortos, que são legítimos, e damos a chance do outro refletir sobre suas intenções ou desatenções na vida. Considero isso uma forma de todo mundo ter a chance de caminhar um pouco mais rumo a uma relação mais saudável e verdadeira, praticando a auto-observação e aprendendo a lidar com as inquietações de forma mais madura, mesmo que ainda sejam fruto de coisas aparentemente banais, como curtidas nas redes sociais.

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